Mário Soares considerou, esta quinta-feira, que Passos Coelho tem feito um trabalho muito sério e que os portugueses devem dar-lhe o «benefício da dúvida». Contudo, confessou-se apreensivo.
Corpo do artigo
O antigo Presidente da República mostrou-se inquieto e muito preocupado com o rumo do país e da Europa, mas defendeu que neste caso as palavras não são suficientes.
É preciso colocar a política em primeiro lugar e não da economia, defendeu, considerando que «há alternativas» às medidas de austeridade anunciadas pelo Governo e que elas devem ser procuradas.
Ainda assim, vincou que considera o primeiro-ministro «um homem sério e que está a fazer um grande esforço», algo que «tem de ser levado em conta».
Em resposta à TSF, o antigo Chefe de Estado disse que deve dar-se o «benefício da dúvida» ao primeiro-ministro. É necessário «convencê-lo de que é preciso, além da austeridade, crescimento económico e trabalho, trabalho, trabalho», opinou.
Mário Soares sublinhou que está preocupado com a possibilidade de este Governo estar tão focado nas medidas de austeridade e no défice ao ponto de esquecer as pessoas, que, frisou, «estão em primeiro lugar». O facto de algumas pessoas «não terem o que comer» é «intolerável», comentou.
Soares não quis falar sobre medidas concretas tomada pelo Governo nem comentar as propostas do socialista António José Seguro.
Estas declarações foram proferidas à saída de um encontro com Jean-Claude Juncker na embaixada do Luxemburgo em Lisboa.
O presidente do Eurogrupo também recebeu, esta quinta-feira, Jorge Sampaio, que à saída se mostrou mais contido na análise da situação actual, recusando comentar se Portugal está ou não no caminho certo.
O ex-Presidente da República referiu apenas que perante o presidente do Eurogrupo fez o que tinha de fazer, ou seja, «defender Portugal».