A Universidade de Coimbra começa esta sexta-feira a assinalar os 25 anos do Massacre de Santa Cruz, em Timor Leste e os 20 anos da atribuição do Prémio Nobel da Paz a D. Ximenes Belo e Ramos Horta.
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"Timor: imagens e palavras que mudaram o mundo" é o nome da iniciativa levada a cabo pela Universidade de Coimbra, entre 9 e 16 de dezembro, que visa assinalar os 25 anos do Massacre de Santa Cruz e os 20 anos da atribuição do Prémio Nobel da Paz a D. Ximenes Belo e Ramos Horta.
Gregório Saldanha e Lévi Corte Real viveram o massacre de Santa Cruz. São dois sobreviventes. Gregório Saldanha esteve na organização da manifestação pacífica no cemitério de Santa Cruz. Já Lévi, que tinha apenas 17 anos, acabou baleado, mas sobreviveu.
O desejo de independência de uma pátria que queria ser livre foi o que os levou naquele dia 12 de novembro à manifestação, onde acabaram por ser mortas, pelos indonésios, mais de 200 pessoas. Ainda hoje não se sabe o paradeiro dos corpos dos que foram abatidos.
"Não queríamos ser estranhos na nossa própria terra", refere Gregório Saldanha, que agora preside o "Comité 12 de novembro", para responder ao motivo porque naquele dia decidiram manifestar-se no cemitério.
"Todos nós contribuímos voluntariamente para a independência e fizemos história", afirma Lévi, que denota também que existe um laço de amizade entre os sobreviventes. "Já se sente o futuro de Timor, mas não podemos olhar para o modelo de um país desenvolvido para julgar o nosso país. Timor depende da nossa capacidade", acrescenta.
Ambos referem que Timor é hoje uma terra que persegue o desenvolvimento e reconhecem o papel assumido por Portugal na independência dos timorenses.
Os prémios Nobel da Paz, Ximenes Belo e Ramos Horta, vão passar por Coimbra na próxima terça-feira.
Vai ser também assinado um protocolo entre a Universidade de Coimbra e a Universidade Nacional de Timor-Leste, com o objetivo de divulgar, mas também preservar, o arquivo de mais de cinco mil horas de imagens de vídeo captadas pelo jornalista Max Stahl.