
Assembleia da República
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Na véspera do PS decidir o sentido de voto no Orçamento para o próximo ano, a TSF escutou Ana Gomes e Vera Jardim sobre o caminho que os socialistas devem seguir no Parlamento.
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A eurodeputada Ana Gomes defende numa primeira fase a abstenção, para que o Orçamento possa seguir para a discussão na especialidade e o PS possa apresentar alternativas à proposta de Orçamento do Governo.
«O PS deve abster-se na generalidade, isto é, viabilizar a passagem à discussão na especialidade, aí apresentar propostas concretas que sejam alternativa às propostas mais gravosas que constam desta proposta de Orçamento», referiu Ana Gomes.
«E em função da receptividade do Governo, e da forma como decorrer a discussão na generalidade, depois determinar uma posição sobre a votação final global entre contra ou a abstenção», concluiu.
Também o dirigente socialista Vera Jardim admite que o PS rejeite o Orçamento na votação final global, mas até lá lembra que é preciso ter responsabilidade e fala em sensatez e ponderação.
«Por vezes os agentes políticos devem deixar de lado aquilo que gostariam de fazer e pensar mais no seu dever perante a situação tão difícil do país», afirmou Vera Jardim, sublinhando «que esta será por ventura a orientação que ele [António José Seguro] nos vai propor» e «que me parece perfeitamente razoável».
«Há duas votações: na generalidade e, a mais importante, a votação final global, e esta deve estar bastante dependente do resultado dessas negociações que eu espero que o Governo, finalmente, possa abrir-se a negociar com o PS», referiu Vera Jardim.
O socialista considera que «este acentuar do sacrifício perante os muitos que já eram exigidos pelo acordo com a troika» tem de ser «muito bem explicado». Por isso, «o PS deve dialogar com o Governo no sentido de retornar tanto quanto possível ao que foi o acordo com a troika e exigir explicações sobre a necessidade de medidas tão mais duras que aquelas que já constavam no acordo com a troika».
Quanto ao papel do Presidente da República, Vera Jardim diz que «dificilmente poderá ir mais além», até porque considera que já «terá feito declarações que foram, porventura, longe demais para o exercício do seu cargo».