O primeiro-ministro, esta manhã no Fórum TSF, considerou completamente absurda a ideia de penalizar as reformas dos trabalhadores que recorram ao subsídio de desemprego.
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O primeiro-ministro demissionário foi convidado esta manhã no Fórum TSF, onde defendeu que o país não pode parar, especialmente nas infra-estruturas de transportes.
«Se o país não considerar estratégico tudo aquilo que diz respeito a infra-estrutura logística aeroportuária, ferroviária ou portuária, isso constituiria um erro. O que pusemos no nosso programa é que estas infra-estruturas devem continuar a ter uma prioridade no investimento público, simplesmente devem ser agora adaptadas ao novo momento que vivemos e às condições de financiamento», explicou.
Sócrates lembrou que já está aprovado o financiamento para o troço do TGV, Caia-Poçeirão, e que não seria razoável desperdiçar financiamentos aprovados com condições mais favoráveis do que as actuais.
Apesar das duras criticas às ideias do PSD na área do trabalho, José Sócrates declarou estar disponível para alterar algumas regras, por exemplo as do subsídio de desemprego.
«Estou muito de acordo que devamos discutir o período de desemprego, a duração desse período de subsídio de desemprego, admito essa discussão. Admito até, como fizémos em 2008 e 2010, que não devemos aceitar que a condição de desemprego seja melhor que a de empregado mesmo com baixo salário», afirmou.
Mas em relação às propostas avançadas pelo grupo de reflexão "Mais Sociedade", o secretário-geral do PS considerou que são «absurdas e, por vezes, até inaceitáveis».
«O que não posso aceitar é a ideia de que alguém que fica no desemprego involuntariamente, que descontou para o subsídio de desemprego, para além de estar desempregada sejam também penalizada na sua reforma, porque ela também descontou para a sua reforma. Portanto, considero uma ideia completamente absurda», contestou.
Questionado sobre a ajuda externa, José Sócrates sublinhou que as negociações não são uma folha em branco e garantiu que o governo está empenhado em minimizar as consequências dessa ajuda.
Sobre às dúvidas da Finlândia em participar no pacote de ajuda a Portugal, José Sócrates disse estar completamente convencido de que a Finlândia não vai impedir a ajuda externa.
O primeiro-ministro reiterou, neste contexto, as críticas à oposição pelo chumbo do PEC 4, mostrando-se convicto que «ainda vamos ter saudades do PEC».
«A verdade é que tínhamos uma solução para responder aos nossos problemas e atirámos fora essa solução. Essa solução era melhor do que aquela que vamos ter, quanto a isso não tenho a mínima dúvida», declarou.
Quanto à proposta social-democrata de privatização parcial da Caixa Geral de Depósitos (CGD), o primeiro-ministro classifica-a como uma insensatez de Pedro Passos Coelho, acrescentando que é mais uma prova de que o líder "laranja" não está preparado para governar.
«O PSD chumbou o PEC apenas por uma razão: pensou 'este é o momento para deitar abaixo o Governo e o melhor momento para eu ganhar eleições'. Talvez se engane, veremos qual vai ser o resultado», alertou José Sócrates.