Debate instrutório da Operação Marquês foi adiado depois de a sessão desta quarta-feira se ter arrastado por três horas.
Corpo do artigo
José Sócrates saiu, esta quarta-feira, do debate instrutório da Operação Marquês bastante irritado e a acusar o Ministério Público de fazer perguntas ridículas.
"Não vê que é ridículo estarmos aqui duas horas e tal e depois o Ministério Público faz aquelas perguntas ridículas. Isto dá ideia da dimensão do que foi feito. O MP construiu um embuste, uma grande mentira e, depois de tudo ali desfeito, veio-me perguntar se eu sabia que uma amiga minha, Sandra, estava no Algarve. Por amor de Deus", explicou José Sócrates aos jornalistas, à saída do debate instrutório da Operação Marquês que foi adiado, depois de a sessão desta quarta-feira se ter arrastado por três horas.
O ex-primeiro-ministro referiu que o Ministério Público afirmou que Sócrates esteve mais de 20 dias no Algarve, com as férias pagas, mas que afinal o arguido estava, nessa altura, em visita oficial ao Brasil e depois em Bragança, onde inaugurou a Faculdade de Medicina da Universidade da Beira Interior.
11886437
"A pergunta que deixo é a seguinte: que credibilidade é que tem esta acusação? Não repararam que isto que se passou aqui foi o que se passou sempre? O Ministério Público dispensa-se de apresentar provas e acha que as pessoas têm de provar a sua não culpabilidade", disse o antigo governante.
José Sócrates continua a prestar esclarecimentos ao juiz Ivo Rosa sobre três temas que suscitaram dúvidas: a estadia num hotel no Algarve, adjudicação do TGV e visitas de Estado a Angola e Argélia para internacionalização do Grupo Lena.
O antigo primeiro-ministro é acusado de 31 crimes: três de corrupção passiva de titular de cargo político, 16 de branqueamento de capitais, nove de falsificação de documento e três de fraude fiscal qualificada.
Esta audição de José Sócrates antecedeu o debate instrutório da Operação Marquês, em que estão acusados 28 arguidos - 19 pessoas e 9 empresas. O início do debate instrutório do processo foi adiado para quinta-feira, devido à inquirição desta quarta-feira em tribunal do ex-primeiro-ministro. O Ministério Público vai abrir a sessão em tribunal e o procurador Rosário Teixeira já avisou que vai precisar de pelo menos duas horas para expor os seus argumentos.