José Sócrates considera que, nove meses depois de lhe ter sido imposta a prisão preventiva, "cresce a legítima suspeita de que este processo tem como verdadeira motivação condicionar as próximas eleições e impedir a vitória do PS". Algo que "não compete à justiça, mas à política".
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Numa carta com quatro pontos enviada ao Jornal de Notícias e à televisão SIC, José Sócrates classifica o processo como "saltitão".
Diz que "a investigação saltita de uma teoria para outra, de cada vez que a anterior esbarra contra a verdade". E dá exemplos: os investigadores acreditam que "a corrupção (...) foi praticada em Portugal, em Angola, na Venezuela, talvez na Argélia, de novo em Portugal (...) e, ao que parece, está agora em trânsito para o Brasil".
Além disso, regista o antigo chefe do governo, "o agente corruptor começou por ser o conjunto de empresas de Carlos Santos Silva, a seguir foi o grupo Lena, mas evolui depois, sem pestanejar, para promotores turísticos e imobiliários com interesses no Algarve, explorando agora novas oportunidades no mercado brasileiro".
José Sócrates reafirma que não praticou qualquer crime, daí que nove meses depois de ter sido preso preventivamente, a investigação continue sem apresentar qualquer prova.
Escreve que a prisão preventiva é "uma infâmia", que o ofende a ele próprio e "aos mais elementares valores do Estado de Direito". Por isso, entende que, neste caso, "a Justiça cometeu mesmo um erro monstruoso".