A presidente cessante do PS, Maria de Belém, faz uma distinção entre a política e as questões de justiça, reagindo à detenção de José Sócrates. Vieira da Silva «vê com dor» e Jorge Lacão diz estar «consternado».
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Maria de Belém falava aos jornalistas na Assembleia da República, depois de questionada sobre as consequências da detenção na sexta-feira à noite do ex-líder socialista José Sócrates. «Essa é uma questão que pertence à justiça - e à justiça o que é da justiça e à política o que é da política», declarou a ex-ministra dos governos de António Guterres.
Perante a insistência dos jornalistas na questão, designadamente sobre eventuais prejuízos políticos para a nova de António Costa no PS, Maria de Belém respondeu com um «não». «Uma coisa é justiça e outra coisa é política», repetiu Maria de Belém.
Outra reação surgiu por parte do vice-presidente da bancada socialista. Vieira da Silva, membro de governos liderados pelo ex-primeiro-ministro José Sócrates, revelou sentir «dor» pela situação vivida pelo antigo líder do PS, remetendo outros comentários para o novo secretário-geral, António Costa.
«Trabalhei vários anos com José Sócrates e a imagem que tive e tenho dele não é a que tem sido divulgada nos últimos dias. Habituei-me a ver uma pessoa que lutava até às suas últimas forças pela ideia e visão que tinha e queria do seu país», afirmou Vieira da Silva.
Também à chegada ao parlamento, outro antigo responsável de elencos presididos por Sócrates, Jorge Lacão, disse-se «consternado», sublinhando que «o importante» é a «ação política» do PS, tal como o líder parlamentar, Ferro Rodrigues, que escusou adiantar qualquer posição e também lembrou que o atual presidente da Câmara Municipal de Lisboa já se expressou em nome do partido.
À saída do plenário, Eduardo Cabrita, antigo Secretário de Estado Adjunto da Administração Local do governo de José Sócrates, reforçou a ideia de que o mais importante para o partido é concentrar-se na ação política e deixar trabalhar a Justiça.
O ex-primeiro-ministro José Sócrates foi detido na sexta-feira à noite, quando chegava ao aeroporto de Lisboa, no âmbito de um processo de suspeitas de crimes de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção. Esta é a primeira vez na história da democracia portuguesa que um antigo primeiro-ministro é detido para interrogatório.