Depois do silêncio durante o dia de ontem, vários socialistas manifestam hoje a sua opinião sobre o caso que envolve José Sócrates. Antigos ministros, deputados e apoiantes comentam detenção do antigo chefe de Governo com choque, mas a vida do PS tem de continuar.
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Ferro Rodrigues sustentou que se mantém «a atualidade da mensagem do secretário-geral do PS de sábado passado. António Costa pediu que se distinguissem os sentimentos normais de amizade pessoal que existem com o engenheiro José Sócrates da necessidade de o PS continuar a desenvolver as suas políticas de oposição e de alternativa a este Governo».
Maria de Belém, depois de ontem separar as águas entre assuntos de política e de justiça, confessou hoje que está consternada e lamenta as fugas de informação sobre o processo que envolve o antigo líder do PS. A presidente cessante do PS revelou ainda estranheza por não terem sido divulgados os pressupostos que estiveram na base da aplicação das medidas de coacção.
O ex-ministro da Defesa socialista, Augusto Santos Silva, disse hoje respeitar a decisão do juiz, mas defendeu que o PS nada tem a ver com o processo.
«Respeito essa decisão. Pela primeira vez, Sócrates vai poder explicar-se num processo judicial, de acordo com as suas regras próprias. Nesse processo, o PS não é parte. Ponto final», salientou numa mensagem deixada na sua conta pessoal no Facebook.
Mário Lino foi Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações no segundo governo de José Sócrates. Esta manhã, escutado pela TSF não escondeu a estupefação com a notícia de detenção do ex-primeiro-ministro.
«Foi uma notícia que me deixou em grande choque. Tenho uma imagem e ideia do Engº Sócrates de uma pessoa correta, de uma pessoa séria, de uma pessoa incorrupta e portanto fico muito chocado».
Correia de Campos, outro antigo ministro de Sócrates, manifestou na TSF apoio ao amigo, «eu sou e continuarei a ser amigo pessoal de José Sócrates. Nesse contexto prestarei todo o apoio que puder e souber dentro das minhas capacidades e das minhas possibilidades. Conheço o espírito lutador do Engº José Sócrates e sei que ele lutará pela defesa da sua liberdade física e da sua honra».
O deputado João Galamba, apoiante de Sócrates e António Costa, considera que o país está a viver um momento de enorme responsabilidade e sublinha a necessidade de separar a detenção e prisão preventiva de José Sócrates do plano político.
João Soares, também deputado do PS e amigo de José Sócrates, considera a decisão injusta, admite que é um momento difícil para o partido e critica ainda a forma como foi feita a detenção do antigo primeiro ministro.
A deputada Gabriela Canavilhas sublinha que a amizade e respeito pelo ex-primeiro ministro mantêm-se intocáveis. A antiga ministra da cultura de José Sócrates lamenta, ainda, que não tenham sido esclarecidos os fundamentos que levaram a que fosse decretada prisão preventiva.
O socialista Pedro Silva Pereira disse também hoje que o seu «sentimento é de profunda tristeza» face ao que está a acontecer com José Sócrates e afirmou que há que esperar, sem julgamentos precipitados, que a Justiça esclareça a verdade.