"Solidariedade: a ferramenta mais eficaz para reconstruir a capacidade de estarmos juntos"
Ator, dramaturgo, produtor e encenador que dirige o Teatro Nacional Dona Maria II, Tiago Rodrigues fala de um ano "catastrófico" e de uma solução para o superarmos: o reforço da solidariedade.
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"A título pessoal e profissional, vivi o ano de uma forma muito parecida com muita gente, não apenas em Portugal, mas em todo o planeta". Para Tiago Rodrigues, 2020 foi "um ano de angústia, e também um ano de resistência, e julgo que uma das coisas que me parece determinante, no modo como individualmente e coletivamente tivemos que lidar com este ano, é a noção de que a solidariedade enquanto valor social e humano, é de enorme atualidade e absolutamente necessária, para imaginarmos o que podemos melhorar quando estivermos a tentar recuperar deste ano que é, em certa medida, um ano catastrófico".
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Por um lado, o ano que terminou foi "trágico, por causa de todas as vítimas da pandemia, e depois também por todas as vítimas colaterais pelo facto de a pandemia ter paralisado e ocupado muita da nossa capacidade de tomar conta das pessoas". Um ano que o homem que dirige o Teatro Nacional Dona Maria II viveu com "muita preocupação" mas também "com muita energia dedicada a resistir aos problemas e a tentar ultrapassá-los, e atentar empregar o máximo de solidariedade, de uma forma completamente integrada, na convicção de que essa é a ferramenta mais eficaz neste momento e, talvez, a mais eficaz para reconstruirmos a nossa capacidade de estarmos juntos no futuro".
Qual a figura mais marcante de 2021? O encenador e diretor do TNDM não tem dúvidas na resposta: "é uma figura coletiva, necessariamente. Eu diria que é o Serviço nacional de Saúde (SNS), no caso português e, no caso internacional, os profissionais de saúde e os cientistas. Este é um ano que nos veio recordar o papel fundamental da saúde e da ciência nas nossas vidas, se ele tivesse que ser lembrado. Nós sabemos que muito daquilo que nos permite viver melhor, comunicar e trabalhar melhor, vem da ciência e do desenvolvimento tecnológico que a ciência permite, muito daquilo que nos permite estar bem fisicamente e mentalmente, vem da saúde e do acesso democrático à saúde. E, portanto, não hesitaria em dizer que as comunidades da medicina - com todos os seus trabalhadores: médicos, enfermeiros, auxiliares e a comunidade científica - são as grandes figuras deste ano porque foram a nossa frente de combate a esta tragédia que é a pandemia".
O diretor do TNDM chama ao SNS "a grande invenção da nossa democracia, que merece ser fortemente reforçada, valorizada, aplaudida. A saúde e a ciência vão de mãos dadas na frente, não apenas na solução para esta emergência que estamos a viver, mas também como solução para vivermos cada vez melhor no futuro, que é um futuro que temos de ser capazes de construir com as lições que tirarmos desta pandemia", conclui o ator, dramaturgo e encenador, nascido em Lisboa há 43 anos.