Solidariedade entre povos deve "definir Europa do futuro nos bons e maus momentos"
Marcelo Rebelo de Sousa discursou contra os extremismos durante o encontro com o Presidente austríaco em Belém.
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O Presidente da República defendeu esta tarde que a solidariedade entre povos "deveria definir a Europa do futuro nos bons e nos maus momentos".
Depois de ter recebido, em Belém, o Presidente austríaco, no primeiro de dois dias de visita a Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que Portugal acolheu, depois da guerra, mais de cinco mil crianças austríacas e, enquanto se dirigia ao homólogo que vai encontrar-se com algumas dessas pessoas, fez votos para que o espírito solidário permaneça no seio do velho continente.
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Na sua resposta, o Presidente austríaco agradeceu "o caloroso acolhimento em Portugal" e destacou o facto de "um país então pobre" ter sido capaz de acolher "cerca de 5.500 crianças austríacas por meses ou mais de um ano" as ter sustentado e tratado de uma forma tão solidária.
O Presidente da República apontou essa "demonstração de solidariedade profundamente humana, vencendo distâncias geográficas e linguísticas", como algo que "deveria constituir para sempre um desses valores fundamentais a unir firmemente a Europa do futuro, tanto nos bons como nos maus momentos".
Numa breve declaração, os dois chefes de Estado salientaram convergência "no objetivo do combate ao radicalismo e à xenofobia" e disseram-se "defensores acérrimos das Nações Unidas, promotores convictos dos direitos humanos e no domínio das alterações climáticas".
"Convergimos no objetivo de manter o apoio e o entusiasmo dos nossos cidadãos para com o projeto europeu, combater o extremismo, o radicalismo e o chamado populismo, e avançar com projetos que aumentem a força da nossa união no contexto mundial", declarou Marcelo Rebelo de Sousa.
Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que, durante o encontro com o seu homólogo austríaco, os dois discutiram "essa visão do mundo aberto, multilateral, interligado" que partilham, "assente na solidariedade, no diálogo e na cooperação".
Depois, destacou a "promoção do desenvolvimento sustentável" e a "preocupação com as alterações climáticas" como outro ponto em comum.
"Queria aqui hoje manifestar novamente o meu apoio e o apoio de Portugal às iniciativas de vossa excelência no domínio das alterações climáticas, da chamada de atenção para os problemas do ambiente, para os seus efeitos entre gerações, naquilo que tem sido a destruição consecutiva do planeta", acrescentou, dirigindo-se para o Presidente da Áustria.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, "Portugal e a Áustria são países muito amigos e próximos, que sempre partilharam afinidades que vão para além da pertença ao espaço físico europeu comum", que têm uma relação com "raízes históricas profundas" e "uma dimensão humana muito forte".
"Na Europa da cultura e das culturas que queremos construir a preservação das memórias comuns e o conhecimento mútuo dos povos é fundamental", defendeu.
De acordo com o Presidente da República, Portugal e a Áustria "são também próximos no quadro multilateral", sendo ambos "defensores acérrimos das Nações Unidas, promotores convictos dos direitos humanos e da dignidade da pessoa humana".
"Esta visita de Estado, que para nós constitui uma honra e um prazer, irá dar continuidade, mas sobretudo aprofundar, os laços próximos e profundos que existem entre a Áustria e Portugal e entre os presidentes da Áustria e de Portugal", considerou.
A visita de Estado a Portugal do Presidente da Áustria termina na quarta-feira.