Um estudo que revê dados desde o século passado confirma que estamos a ficar cada vez mais inférteis. A semente humana está em decadência no ocidente, os espermatozoides e os ovócitos são cada vez menos e de pior qualidade. Mas não é por isso que caminhamos para a extinção, garante à TSF Alberto Barros, médico especialista em infertilidade.
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Chama-se Human Reproduction Update o estudo que reúne o que se sabe sobre a decadência dos espermatozoides ao longo das últimas décadas. A conclusão não é nova, mas é pior do que o que já se sabia. Os homens produzem cada vez menos esperma, a redução já ultrapassou os 50% nos últimos 50 anos. Mantém-se e acontece de forma cada vez mais rápida.
"Não, não quer dizer que estamos a caminho da extinção da espécie humana", reage o especialista em medicina reprodutiva, Alberto Barros.
O que se passa está a ser registado há muitos anos e dá um exemplo de como os cálculos da ciência são minuciosos. "Há cerca de 30 anos, em cada ejaculação, havia 45 milhões de espermatozoides por mililitro de esperma, hoje anda na casa dos 15 milhões de espermatozoides", quantifica Alberto Barros.
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Este especialista em tratamentos de infertilidade culpa a que se convencionou chamar o "moderno estilo de vida", " o que comemos, bebemos ou respiramos", ou seja, o consumo de tabaco, de drogas, a obesidade, o sedentarismo e todos os químicos à nossa volta que interferem no funcionamento hormonal.
"Afeta os espermatozoides, mas também os ovócitos que sofrem da mesma decadência. É cada vez mais comum, por exemplo, a menopausa precoce", conclui Alberto Barros. O médico tem uma única receita: "viver de forma mais saudável e tentar ter filhos mais cedo". Quando tudo o mais falhar há quase sempre uma ajuda da ciência.
A degradação dos espermatozoides aparenta apenas estar a ocorrer de uma forma mais rápida, tanto assim que durante muitos anos a infertilidade era considerada um problema, sobretudo da mulher. Hoje Alberto Barros nota que se chegou a patamar perfeitamente igualitário, "as causas da infertilidade são tanto de origem masculina como feminina".
Também se julgava, até há pouco, que era um fenómeno exclusivo do mundo mais desenvolvido, Europa e Estados Unidos, mas no estudo que mencionámos no início, e que abrange 35 países, é agora claro que também na América Latina, na Ásia e em África os homens estão a ficar menos férteis.