"Soubemos pela comunicação social." Trabalhadores da Partex criticam Gulbenkian
Trabalhadores da Partex acusam a administração da Fundação Gulbenkian de falta de diálogo e de não dar resposta às exigências de segurança laboral na venda aos tailandeses da PTTEP.
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Os trabalhadores da Partex estão "muito tristes" com a forma como foi concluída a venda da petrolífera aos tailandeses da PTTEP, e acusam a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) de nada lhes ter dito sobre a conclusão do negócio.
Álvaro Carvalho, do grupo de representantes (GRTP) dos funcionários da petrolífera, revela que foi através da Comunicação Social que ficou a saber da finalização do negócio: "soubemos pela Comunicação Social, como todas as notícias que temos recebido", lamenta, acrescentando que "é sempre através da Comunicação Social, nunca através das vias formais ou do Conselho de Administração".
Álvaro Carvalho sublinha que o GRTP está "há um ano a tentar fazer diálogo com a Fundação Calouste Gulbenkian por meio do nosso Conselho de Administração", e realça que "no dia 29 deste mês recebemos um e-mail do nosso presidente a dizer que queria o diálogo e recebemos agora esta notícia no dia 4 de novembro". "Que diálogo é que se queria fazer?", questiona.
Os trabalhadores estão por isso "muito tristes que isto se tenha consumado desta maneira sem termos sido minimamente envolvidos em todo o processo, sendo que somos uma das partes que deu tanto a ganhar à Fundação, e vamos sair a perder nisto tudo"
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Postos de trabalho garantidos durante dois anos
Os tailandeses que deram mais de 550 milhões de euros pela empresa detida pela Gulbenkian garantem a manutenção dos postos de trabalho durante apenas dois anos, e os funcionários exigiram garantias adicionais de segurança para o caso de a empresa ser, como adivinham, reestruturada e os seus empregos fiquem em risco.
Álvaro Carvalho explica que os trabalhadores ficaram sem resposta: "arranjámos maneira de cobrir este risco e fizemos propostas nesse sentido. Não obtivemos resposta até há pouco tempo, quando nos foi dito que a nossa proposta foi transmitida ao novo acionista e que tinha sido adaptada e que se esperava uma resposta da PTTEP".
O representante dos trabalhadores lamenta no entanto que os funcionários não saibam "que proposta foi apresentada, que critérios foram usados... recebemos um conjunto de intenções, e não sabemos sequer no que é que se substanciam".
A Partex é detida pela Gulbenkian desde o início da Fundação e emprega um total de 80 pessoas, das quais 50 em Portugal
Negócio permite "crescimento e expansão da Partex"
A conclusão do negócio foi anunciada nesta segunda-feira. A Fundação Gulbenkian escreve em comunicado que "depois do acordo de venda, assinado a 17 de junho deste ano, e obtidas todas as autorizações necessárias, foram hoje assinados os documentos finais que permitem a esta prestigiada empresa tailandesa de exploração e produção de petróleo assumir o controlo da Partex".
A instituição liderada por Isabel Mota considera que o acordo para a venda da Partex, "um ativo que representava cerca de 18% dos investimentos totais" da fundação, "permitirá o crescimento e expansão da Partex e a sua entrada num novo ciclo de desenvolvimento".
"A operação teve um valor de 622 milhões de dólares [cerca de 555 milhões de euros], sujeita aos ajustes habituais nestas transações", lê-se no comunicado.