Subida das taxas de juro? "Não há nenhum horizonte catastrófico à nossa frente"
Vítor Bento, presidente da Associação Portuguesa de Bancos, afirma à TSF que, apesar das dificuldades financeiras que se vivem atualmente com o aumento das prestações e dos créditos, "as pessoas têm capacidade de adaptação".
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O presidente da Associação Portuguesa de Bancos acredita que a subida anunciada das taxas de juro não é uma catástrofe anunciada. Em declarações à TSF, Vítor Bento admite um período de maiores dificuldades com o aumento das prestações e dos créditos, mas confia que os portugueses têm condições para enfrentar um período mais difícil.
"Do ponto de vista financeiro, é verdade que, neste momento, tudo aponta para uma subida das taxas de juro. Isso é uma questão de risco. Parece que vivemos assustados porque vem aí uma subida das taxas de juro... Nós não temos que sofrer os males antes de eles acontecerem. Não há nenhum horizonte catastrófico à nossa frente, vai haver mais dificuldades, mas, por aquilo que são os dados que podemos dispor atualmente, não há nada catastrófico pela frente. Obviamente, há coisas onde a vida se pode tornar mais difícil, mas as pessoas também têm uma capacidade de adaptação e de ajustar", considera.
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Vítor Bento concorda que a guerra na Ucrânia representa um risco acrescido para o sistema financeiro na Europa, mas relativiza esta questão.
"Nós hoje temos uma rede de proteção social muito significativa que põe a sociedade a coberto de consequências muito mais dramáticas. Em cada uma das crises que temos vivido, do ponto de vista do impacto social têm sido todas elas muito mais superáveis do que as primeiras que eu vivi há 30 anos", afirma.
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Durante o tempo que tem estado à frente da Associação Portuguesa de Bancos, Vítor Bento teve uma preocupação: mudar a imagem que as pessoas têm sobre os bancos.
"A banca teve um papel durante a crise pandémica, que ajudou a amortecer muito significativamente os efeitos quer na sociedade, quer na economia em geral, nas empresas, e isso mostrou a sua indispensabilidade e o papel central que a banca tem numa economia", explica, sublinhando que a banca "mostrou estar resiliente, mostrou poder dar esse apoio de uma forma saudável e sair desse processo também de uma forma saudável e resiliente".
"Procurei ajudar, através de intervenções várias, a corrigir algumas ideias enviesadas que existem sobre a banca. Eu percebo que isto é um trabalho de formiga, que tem de ser feito passo a passo, mas tenho esperança de que através da persistência consiga por a opinião publicada mais alinhada com aquilo que é a realidade", confessa.