Sucesso dos bonecos de Estremoz são exemplo de resistência do Alentejo em forma de arte

Entre poetas populares e tradições ancestrais, o Alentejo resiste a décadas de despovoamento, procurando novos rumos entre ofícios de sempre. Quem o diz são os produtores da barrística de Estremoz, cuja chancela da Unesco deu uma nova vida aos mais célebres bonecos.

As irmãs Flores são um exemplo de como os artesãos vão tendo dificuldade em responder à elevada quantidade de encomendas. A procura "disparou" e a capacidade de resposta para quem produz o figurado manteve-se num registo muito semelhante à que se verificava antes do reconhecimento do património mundial.

Foi mesmo necessário encontrar novas soluções para garantir que o figurado de barro está representado pelas feiras do país, uma missão assumida pela Confraria do Boneco de Estremoz, que juntou peças de 15 barristas, para assegurar que não vão faltar exemplares nos certames de artesanato, como revelou o grão mestre Alexandre Correia.

Procuram-se, portanto, aprendizes que queiram deitar mãos à olaria, mas falta quem se aventure na arte.

É aqui que entra Xico Tarefa, oleiro de Redondo, que tem assumido o papel de formador para disseminar conhecimento pela região. À TSF, diz que "só os mais velhos aderem às formações", pelo que tem uma ideia para levar a olaria mais longe, sugerindo que as escolas da região invistam na "disciplina de artes e ofícios", sensibilizando as crianças, desde cedo, para a olaria.

E os turistas lá vão chegando para ver ao vivo de que arte se trata quando se fala de um figurado de Estremoz que já supera as cem imagens e que é património mundial. Também por isso os registos da autarquia atestam o sucesso da aposta numa tradição que vem de longe.

O número de visitantes subiu 26,7% e deverá crescer em 2025 à boleia da Cidade do Vinho que vai cruzar Estremoz, Borba Vila Viçosa, Redondo e Alandroal.