Mais que a vacinação, que está a "correr bem", o maior problema hoje nos lares é a "dramática" falta de pessoal provocada pela pandemia.
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Os surtos ativos de covid-19 obrigam a que quase 30 mil idosos que vivem em lares não comecem a ser vacinados nesta primeira fase que acaba no final da semana. O número foi avançado à TSF pela equipa que coordena o plano nacional de vacinação.
Ao todo vivem e trabalham 200 mil idosos e profissionais em lares e até ao final da semana a estimativa é que estejam vacinadas, com as duas doses, 40 mil pessoas e que 130 mil tenham recibo a primeira dose.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) adianta à TSF que por estes dias existem 395 surtos ativos em Estabelecimentos Residenciais Para Idosos, nomeadamente 14 na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados.
Vacinação está a "correr bem"
A Associação de Apoio Domiciliário, Lares e Casas de Repouso e a União das Misericórdias Portuguesas dizem que, em geral, o processo de vacinação nos lares está a correr bem.
"Quando não tenho queixas de ninguém é sinal de que as coisas estão a correr bem", detalha João Ferreira de Almeida, o presidente da associação de lares privados.
Do lado das misericórdias, o vice-presidente da União, Caldas de Almeida, também refere que até agora a vacinação está a correr bem, as equipas estão organizadas, à exceção de casos pontuais, por exemplo no Alentejo e em especial no distrito de Évora onde têm surgido vários problemas.
É "dramática" a falta de pessoal
O maior problema hoje, nos lares, está, no entanto, nos 400 surtos ativos de coronavírus que causam uma enorme falta de pessoal.
"A situação é verdadeiramente dramática pois quando há casos positivos nos utentes existe uma verdadeira hecatombe de recursos humanos, numa dificuldade enorme de enfermeiros e auxiliares", refere o vice-presidente da União das Misericórdias Portuguesas.
Além dos surtos, tudo se complicou com o fecho das escolas: os lares também são considerados serviços essenciais e os filhos dos trabalhadores deviam ter espaço nas escolas abertas de propósito para receber estas crianças, mas não está a ser fácil.
"Simplesmente aquilo que se passa é que em muitos locais isso não está a funcionar, ou seja, as trabalhadoras têm uma grande dificuldade operacional nas escolas ou porque o sistema ainda não está montado ou porque ainda vai começar a funcionar... O facto é que os miúdos estão em casa e quem não tem essa solução tem mesmo de ficar em casa com eles", diz Caldas de Almeida que detalha que lhe têm dito que "dentro em breve as soluções serão universais, mas por enquanto não são".
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Nuns casos os problemas estão a ser resolvidos com as brigadas de intervenção rápida, noutros as misericórdias emprestam funcionários às misericórdias vizinhas, e há trabalhadores com dezenas e dezenas de horas extra por semana, num esforço aplaudido por Caldas de Almeida.
Mesmo assim, com tanto esforço, a situação é "dramática", com o representante das misericórdias a sublinhar que há lares que de repente ficam sem toda a equipa de enfermeiros devido a casos positivos de covid-19.
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