Suspeitas de corrupção: PJ faz buscas em organismos públicos por todo o país. Empresário Luís Bernardo será um dos visados
A megaoperação, em articulação com o DCIAP, envolve 150 elementos da Polícia Judiciária, inspetores e peritos da Unidade de Perícia Financeira e Contabilística e da Unidade de Perícia Tecnológica e Informática da PJ, além de oito magistrados do Ministério Público
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A Polícia Judiciária confirmou, esta quinta-feira, que está a fazer buscas em vários organismos públicos, um pouco por todo o país. Em causa estão suspeitas de favorecimento de empresas no setor da comunicação, marketing e publicidade. A CNN Portugal adianta que as buscas visam Luís Bernardo, empresário e consultor, que foi assessor de José Sócrates enquanto primeiro-ministro e, posteriormente, diretor de comunicação do Benfica.
Segundo o canal de televisão, o empresário é o principal alvo de uma megaoperação da Polícia Judiciária, estando sob suspeita de crimes de corrupção em assessorias de câmaras e do Tribunal Constitucional. De acordo com a CNN Portugal, as buscas visam, entre outras, a atividade da empresa Wonder Level Partners, de Luís Bernardo, pela forma como ganha contratos para liderar a comunicação de entidades públicas por ajuste direto ou consulta prévia. Um dos casos de suspeita de viciação das regras da contratação pública dirá respeito ao Tribunal Constitucional.
"A Polícia Judiciária, através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, procedeu, hoje, à realização de uma operação policial que visou a execução de 34 mandados de busca e apreensão, 10 buscas domiciliárias e 13 não domiciliária em organismos públicos, e 11 buscas não domiciliárias em empresas, em Lisboa, Oeiras, Mafra, Amadora, Alcácer do Sal, Seixal, Ourique, Portalegre, Sintra e Sesimbra. No âmbito de inquérito dirigido pelo DCIAP, investigam-se factos suscetíveis de enquadrar a prática dos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, prevaricação, participação económica em negócio, abuso de poderes (titulares de cargos políticos) e abuso de poder (regime geral)", pode ler-se num comunicado enviado às redações pela PJ.
As autoridades indicam que há "fortes suspeitas de favorecimento de empresas do setor da comunicação, publicidade, marketing digital e marketing político, por parte de diversas entidades públicas".
"As diligências realizadas visam consolidar a indiciação de que, às empresas referenciadas pela investigação, terão sido adjudicados contratos, por ajuste direto ou por consulta prévia, em clara violação das regras aplicáveis à contratação pública, designadamente, dos princípios da concorrência e da prossecução do interesse público, causando elevado prejuízo ao Erário Público", acrescenta.
Também em comunicado, o DCIAP avança que as buscas foram realizadas "em residências da região de Lisboa e em sedes de várias empresas comerciais e públicas, bem como em diversas instalações, sobretudo na região de Lisboa, designadamente de uma universidade, de municípios, de uma freguesia de Lisboa, de serviços municipalizados, de empresas municipais e da secretaria-geral do Ministério da Administração Interna".
"No processo investigam-se matérias relacionadas com contratação pública, existindo suspeitas de que diversas empresas comerciais da área de prestação de serviços de comunicação e marketing participaram num esquema concertado que passava pela apresentação de propostas em concursos públicos, criando falsamente um cenário de aparente concorrência e legalidade, mas tendo em vista garantir, à partida, quais seriam as vencedoras das adjudicações. Os factos terão ocorrido entre 2020 e 2024 e são suscetíveis de constituir crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, prevaricação, participação económica em negócio e abuso de poder", afirma o DCIAP.
A operação denominada "Concerto" conta com 150 elementos da Polícia Judiciária, inspetores e peritos da Unidade de Perícia Financeira e Contabilística e da Unidade de Perícia Tecnológica e Informática da PJ, além de oito magistrados do Ministério Público, no DCIAP.
Notícia atualizada às 11h10
