O PSD vai apelar à comissão permanente do Parlamento que reúna para discutir os últimos desenvolvimentos do caso Tancos e as acusações a Azeredo Lopes.
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Das duas uma: ou António Costa sabia de tudo o que se passou em Tancos, ou não sabia de nada. Nenhuma das hipóteses é boa, diz Rio Rio.
Numa reação ao despacho de acusação do Ministério Público, que acusou 23 arguidos de vários crimes no caso do furto e recuperação do material de guerra de Tancos, incluindo o ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes, o líder do PSD afirma que António Costa "ou sabe ou não sabe. E ambas [as hipóteses] são muito más".
"Perante um assunto desta gravidade o ministro da Defesa não avisa o primeiro-ministro? Sabemos que articulou com o presidente da concelhia do PS que também é deputado e não articula com o primeiro-ministro?", questiona.
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"Se articula - como é o mais provável - temos o problema de o primeiro-ministro ser conivente com aquilo que se passou. Se não avisou também temos um problema grave: um Governo em que os ministros não avisam o primeiro-ministro de tudo aquilo que se passa no ministério."
"É pouco crível que um ministro, seja ele qual for, não articule assuntos desta gravidade com o primeiro-ministro", considera Rui Rio. António Costa "não sabia? Então se não sabia como é que funciona o Governo?"
"O que se terá acontecido ao longo destes quatro anos dentro do Governo que o primeiro-ministro não soube e o que poderá de acontecer de importante no futuro, num Governo presidido pelo dr. António Costa, que o dr. António Costa pura e simplesmente não saiba?", interrogou.
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Questionado sobre se é pertinente chamar Azeredo Lopes à Assembleia da República, Rui Rio admite que "há razão para a comissão permanente do parlamento reunir" e diz que o PSD vai tomar a iniciativa de a convocar.
Já sobre o alegado envolvimento de Marcelo Rebelo de Sousa, o social-democrata defende que "tudo leva a crer" que "houve uma encenação por parte do Governo" para que o Presidente da República fosse implicado de forma a "criar uma cortina de fumo".
Estas são, pelo menos, as "conclusões políticas" que já é possível retirar. A acusação "tem mais de 500 páginas" e ainda não foi possível lê-la em pormenor, justifica.
"Nem tudo o que está na acusação pode ser verdade ou provado em tribunal, mas nem tudo pode ser mentira", nota.
Em declarações aos jornalistas esta tarde nas Caldas da Rainha, Rui Rio diz também que só abordou agora o assunto porque não quis "comentar no meio da rua uma acusação desta gravidade".
Já esta manhã o presidente do PSD classificou o caso de Tancos como "gravíssimo" , sublinhando desde logo a necessidade de discutir o assunto, com a ressalva de que o caso já não está em segredo de justiça
"Agora entramos numa fase diferente, não há segredo de justiça, agora há acusação em concreto. É um assunto de muito relevo político, é normal, até quase obrigatório que se discuta esta matéria", disse.
O ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes foi esta quinta-feira acusado pelo Ministério Público de abuso de poder, denegação de justiça e prevaricação no "caso de Tancos" e proibido do exercício de funções. O Ministério Público acusou no total 23 arguidos no caso do furto e da recuperação das armas do paiol da base militar de Tancos.
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Os arguidos foram acusados de crimes como terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida.