"Tantos brasileiros que vivem aqui relatam experiências de xenofobia e racismo"
Anielle Franco, ministra brasileira da Igualdade Racial, dá conta de queixas de xenofobia e racismo que sentem brasileiros, especialmente negros, que vivem em Portugal. Excertos de uma entrevista à TSF.
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Defende uma luta comum para travar um fenómeno que não conhece fronteiras. "Tantos brasileiros também que vivem aqui e relatam experiências tanto de xenofobia quanto de racismo", revela Anielle Franco, quase no final da entrevista que deu este sábado à TSF. A professora, ativista e jornalista que foi considerada uma das mulheres do ano para a revista Time em 2022, vai dar conta dessa preocupação às autoridades portuguesas, no encontro deste sábado com a ministra dos Assuntos Parlamentares: "Sim, sim. A gente vai se colocar à disposição para construir um combate ao racismo, xenofobia. Vamosi pensar nesse acordo que pode ser tanto aqui quanto lá. Temos muitas comunidades e muitas pessoas brasileiras que vivem aqui, principalmente por conta da língua, quando querem sair do país. E eu acho que colocar o governo federal à frente dessa luta também em conjunto, acho que vai ser primordial. E esperamos, a partir dessa reunião com a ministra, poder firmar esse acordo e cada vez mais construirmos juntos."
Uma luta conjunta de Portugal e Brasil contra o racismo
É o objetivo da ministra brasileira para a Igualdade Racial, que espera em breve firmar um acordo entre os dois países para essa batalha considerada fundamental. Mas sente a ministra brasileira, de alguma forma, que entre a comunidade brasileira que vive em Portugal se sente, são aqueles que são negros, os que se sentem mais discriminados? "Sim, são os que são negros, que se sentem mais discriminados, que têm procurado a gente também. Então acho que é um pouco por aí que a gente quer ouvi-los e entender qual é a posição do governo Portugal. E, a partir daí, também somarmos com eles para esse combate."
Anielle Franco, reconhece na entrevista à TSF, que o Brasil tem um problema de racismo estrutural: "Temos, temos. A gente tem problemas de racismo, estrutural, institucional, racismo pessoal. Infelizmente, nesses últimos anos, sendo mais evidenciado por conta das comunicações, do acesso à internet. Mas é algo que vem de muito antes, não? E como diz uma grande intelectual negra brasileira, , para além do racismo estrutural e institucional, temos também um pacto da branquitude, onde os negros não consegue acesso e entrar nos espaços de poder e protagonismo. E eu acho que também é um pouco do nosso papel trazer à luz esses fatos, letrar racialmente esse país e outras instâncias e fazer com que pessoas negras consigam ser protagonistas de suas histórias".
A irmã da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, assassinada faz este sábado 1865 dias, continua sem saber quem matou e porque foi morta Marielle. A luta pela justiça, admite, continua.