Além de gastarem mais tempo nos trabalhos domésticos e com os filhos, mulheres também fazem as tarefas mais rotineiras.
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O primeiro Inquérito Nacional aos Usos do Tempo de Homens e de Mulheres, promovido pela Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, conclui que "as famílias constituem, ainda, espaços de desigualdade".
O inquérito feito pelo Centro de Estudos para a Intervenção Social ouviu 10 mil portugueses e concluiu que as mulheres gastam por dia, em média, 4h17 em tarefas domésticas ou a cuidar de alguém da família como as crianças. Nos homens essas ocupações 'roubam-lhes', em média, 2h37.
Uma assimetria entre sexos que o estudo sublinha que acontece em todas as faixas etárias, mesmo nas mais novas. Nas famílias com idades entre os 15 e os 24 anos a diferença ronda a 1h21, enquanto naquelas com 25 a 64 anos chega ou ultrapassa as 2 horas.
Dentro e fora de casa, quanto tempo trabalham as mulheres?
Além de questionar os portugueses sobre quanto tempo trabalham em tarefas não pagas em casa, o estudo perguntou também quanto dura o trabalho pago. E mesmo tendo em conta esse fator, as mulheres ficam sempre a perder.
Profissionalmente, em média, as mulheres trabalham menos meia hora por dia que os homens. Mas juntando às tarefas caseiras, ao todo, em casa e no trabalho, o sexo feminino gasta por dia, em média, 12h52, enquanto entre eles esse tempo se fica pelas 11h39.
O estudo explica ainda que a participação dos homens nas tarefas domésticas é mais evidente no trabalho de cuidado, nomeadamente atividades relacionadas com os filhos.
Pelo contrário, a participação masculina é menor nas tarefas mais rotineiras como lavar a roupa ou louça, passar a ferro, limpar o pó, fazer compras, etc..
Maioria das mulheres acha justa a divisão doméstica de tarefas
Apesar das assimetrias destacadas pela comissão para a igualdade, 71% das mulheres defenderam no inquérito que a parte das tarefas domésticas que realizam corresponde ao que é justo, número que sobe para 75,6% entre os homens.
Há, contudo, quase 20% dos inquiridos do sexo masculino que admitem que a repartição das tarefas domésticas não é justa.
Um dos homens entrevistados neste estudo explica, por exemplo, que "é injusto porque muitas vezes deixo as tarefas domésticas para ela mesmo sabendo que podia ajudar um pouco... Aceitei e divido naturalmente as tarefas, mas, por vezes, acabo por ser injusto porque não cumpro. Deixei e fui ver a bola...", exemplifica.
Outra inquirida acrescenta que felizmente pode ter uma empregada, o que "dá muita tranquilidade ao casal e poupa muita discussão".