A poucos quilómetros da vila de Avis, em lugar improvável, um restaurante com nome de tasca afirma-se, há muitos anos, pela cozinha que dignifica o receituário regional alentejano. As migas, a sopa de tomate e os pratos de caça são algumas das especialidades.
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A vila alentejana de Avis, de casas brancas com barrões garridos, aglutinadas em torno do castelo, foi sede de uma das mais importantes ordens militares da Idade Média.
Desse passado histórico, a vila mantém, com justificado orgulho, algumas joias - a casa dos mestres de Avis, que alberga a câmara municipal; o pelourinho: a igreja de N. Sr.ª da Orada ou matriz - mas o convento de S, Bento, fundado no século XII, caminha para a ruína total.
Do alto do cabeço encimado pelo castelo, espreguiçando o olhar pela planície sulcada pelos braços tentaculares da albufeira da barragem do Maranhão, avistam-se pequenas aldeias, manchas brancas dispersas num horizonte a perde de vista.
A poucos quilómetros da vila, um restaurante, daqueles que valem um desvio na viagem, colocou Santo António do Alcórrego no mapa.
O nome da povoação é curioso, mas foi lá que ganhou forma a Tasca do Montinho.
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A fama veio depois, configurando o final feliz de uma história de amor, que deu continuidade ao negócio paterno, estabelecido nos anos, já distantes, da construção da barragem.
Os petiscos do Montinho não são apenas título do livro - esgotadíssimo - de Aníbal Fernandes, que deu à estampa as receitas de Maria José, mas também conta uma história de vida e de uma casa onde se come bem.
É um restaurante acolhedor e rústico em toda a linha - do mobiliário à decoração - com uma cozinha regional de elevada qualidade. Um fator de atração para gente conhecida do mundo da política, da música e das letras, seduzida pelos pratos de caça - empada de perdiz, por encomenda, e arroz de lebre -; sopa de tomate ou pelas migas.
À entrada, um espaço para petiscar e conversar, com um balcão e um pequeno telheiro.
A sala principal é confortável, com mesas em madeira,
Nas entradas, colocadas sobre um tabuleiro, sobressaem torresmos - bem fritos, muito saborosos --, queijo de ovelha; paio de porco preto; cogumelos - mas na lista também há linguicinha assada ou frita; ovos mexidos com espargos ou com farinheira.
Concretizado o introito petisqueiro, escolha mais substancial: sopa de tomate com ovo escalfado ou com enchidos fritos. Um dos ex-líbris da casa.
A primeira das versões revelou-se supimpa. Excelente culinária, que deixou o palato regalado. Pela sapidez.
Na ementa, a carne é maioritária - não faltam os secretos, plumas, lombinho e lagartos com migas de coentros - nem as costeletas de borrego fritas ou grelhadas.
Um dos capítulos principais é preenchido pelas tradicionais migas. Optámos pelas de espargos com carne de porco frita foi uma aposta em cheio.
As migas revelaram um sabor incrível; ligação perfeita, untuosas, mas sem excessiva gordura, bem acompanhadas com carne, frita - no ponto -- em banha de porco preto. Simplesmente, divinais!
Para além desta opção, as migas podem ser de tomate com carne frita ou com plumas; de espargos com secretos de porco preto ou de miolos com carne frita.
O caráter alentejano da cozinha está bem expresso na sopa de cação ou na açorda de bacalhau, mas a escolha é alargada: galo de cabidela; bacalhau assado com molho de coentros; bifinhos de cação e filetes de peixe-galo.
Há várias sugestões diárias: cachaço de porco preto no forno com esparregado; língua de porco estufada ou costeletas de borrego panadas podem figurar nesse capítulo.
Nas sobremesas destacam-se serradura; arroz doce e pudim de ovos ou de café.
Garrafeira preenchida, quase em exclusivo, por vinhos alentejanos.
Serviço simpático nesta casa onde se come bem. Um restaurante com nome de Tasca do Montinho, em Santo António do Alcórrego, Avis.
Onde fica:
Localização: Rua do Comércio, 1 7480-018 Alcorrego, Santo António Do Alcôrrego, Portalegre
Telef.: 242 412 954