Task force quer reclusos com 1.ª dose da vacina até meio do mês. Mas "prazo pode derrapar"
A vacinação contra a Covid-19 está em curso nas prisões. O diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais, admite, contudo, que o prazo definido pela task force pode não ser cumprido.
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O objetivo definido pela task force para o plano de vacinação contra a Covid-19 é ter todos os reclusos com a primeira dose da vacina até meados deste mês. Em declarações à TSF, Rómulo Mateus, diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais, confessa, no entanto, não acreditar que esse objetivo seja atingido no prazo estipulado.
"Tenho algumas dúvidas, porque estamos a trabalhar em terreno novo. No entanto, vamos fazer os possíveis [para atingir a meta nas prisões] e estamos a contar com a boa vontade da task force para fechar [a administração da primeira dose aos reclusos] até 15 de junho. Mas se, por ventura, o prazo derrapar, será por poucos dias", indica.
Esta sexta-feira, vão ser vacinados os reclusos do estabelecimento prisional de Monsanto e os que se encontram nas instalações da Polícia Judiciária em Lisboa.
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Rómulo Mateus defende que a aplicação dos critérios de vacinação por grupos etários, aplicados à população em geral, não era prática nos estabelecimentos prisionais. "Levava ao prolongamento indefinido desta operação", argumenta. "Não faz sentido ir lá um grupo de enfermeiros e médicos vacinar um grupo e voltar no dia seguinte [para vacinar outro], e depois no dia seguinte,...", expõe.
Questionado também, em direto na TSF, sobre as visitas aos reclusos - que, em tempo de pandemia, têm a duração de apenas meia hora -, o diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais afirmou que só depois de todos os reclusos tomarem a segunda dose da vacina contra a Covid-19 se poderá pensar em alargar as visitas.
"Estou muito interessado em repor os direitos dos reclusos em matéria de visitas e outros. A pandemia prejudicou todos, os reclusos também", constatou Rómulo Mateus. "Compreendo a ansiedade das famílias e dos presos. Vamos ter de esperar pela segunda toma, para termos a proteção completa, e depois, em conjugação com a saúde pública, vamos ver até que ponto podemos abrir", disse.
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Nestas declarações à TSF, Rómulo Mateus falou ainda sobre as chamadas prisões humanas (uma delas, a de Ponta Delgada, que deveria estar pronta daqui a dois anos, não tem sequer ainda o projeto feito). O diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais volta a sublinhar as dificuldades causadas pela pandemia, mas desafia o Ministério da Justiça a olhar para o problema.
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"O Estado está a ter dificuldades em encontrar financiamento para o projeto a dez anos. Estas dificuldades prendem-se também com os terríveis efeitos da pandemia nas finanças públicas e na escassez de recursos. É, por ventura, possível que a construção destes estabelecimentos prisionais esteja atrasada. Vamos ter de nos preocupar com o assunto e a comunidade tem de olhar, em conjunto com o Ministério da Justiça, para o problema do parque penitenciário, que se vai mantendo desde há décadas e tem de ser encarado de frente", concluiu.
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