Presidente da República reconhece que a cultura foi o setor "mais sacrificado" com a pandemia e comemorou o Dia Mundial do Teatro com uma apresentação da Comédias do Minho nos jardins do Palácio de Belém. Oportunidade para realçar a importância da descentralização, também na cultura.
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"Onde houver mulher e homem, mais velho ou mais novo, há teatro". Palavras do Presidente da República que, neste dia mundial do Teatro, bem quis ir a uma sala e, não podendo, levou o teatro até Belém. É o reconhecimento e a comemoração de um setor muito sofrido com a pandemia e que vai ter de fazer parte de uma necessária descentralização que, espera Marcelo, vai acontecer no pós-pandemia.
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Uma mesa, dois microfones e cadeiras num palco. Foi este o cenário para uma pequena apresentação da companhia Comédias do Minho e que recordou Marcelo Rebelo de Sousa e uma muito reduzida plateia do que é assistir a um espetáculo ao vivo. No caso, um texto baseado num podcast lançado em plena pandemia e que, no caso, versava sobre uma velha carrinha da companhia minhota: a Doblò.
Mas uma carrinha a dar uma entrevista? Sim, porque não? Até porque no teatro, como na realidade, tudo é possível. "As histórias reais e as histórias inventadas, as histórias reais, mais imaginárias e mais criativas do que as histórias que são inventadas, por estranho que pareça, a realidade ultrapassa sempre a nossa imaginação", atira o anfitrião.
Joana Magalhães e Luís Filipe Silva deram corpo a uma história de, mais ou menos, 20 minutos que arrancou sorrisos debaixo da máscara e motivaram um "lamber de feridas" do Presidente da República que reconheceu que, "onde há teatro há cultura, e a cultura foi a atividade mais sacrificada por esta pandemia".
"Mais do que o turismo, mais do que a hotelaria, mais do que a restauração, mais do que o comércio, mais do que a escola, porque parou". Ficou no "grau zero", notou o Chefe de Estado, que trazia ainda uma outra mensagem bem pensada e que caía que nem uma luva na escolha da Comédias do Minho: a descentralização.
"Descentralizar não é apenas fazer leis a dizer que se dá mais poderes, é dar mais meios para se exercerem esses poderes. Não é apenas reconhecer o papel das Câmaras Municipais e das Juntas de Freguesia, é permitir que se unam, que ganhem força, que tenham massa crítica para poderem levar mais longe a descentralização", sublinhou o Presidente terminando este "segundo ato" com uma imagem muito clara: "raspado o verniz que as cobria, as fragilidades estavam lá e temos de converter as fragilidades em hipótese de futuro".
E só com uma descentralização efetiva é que será possível, defende o Presidente notando que o "renascer" está perto, mas que tem de ser diferente do que era antes da Covid: "não basta recuperar, é preciso reconstruir".
A fechar, Marcelo prometeu uma ida ao Minho, nas próximas semanas, onde vai querer conhecer a carrinha que, em tempos de pandemia, deu vida a uma apresentação teatral ao vivo no Palácio de Belém. De facto, um exclusivo nos tempos que correm.