Doentes mentais do Grupo de Teatro da ASMAL e formadoras do Grupo de Teatro do Hospital Júlio de Matos promovem uma residência artística para mostrar que o teatro pode ser uma forma de inclusão.
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A técnica do Grupo de Teatro Terapêutico do Hospital Júlio de Matos dá umas dicas à atriz. Sandra ensaia a sua fala. "Não vou atravessar o rio, fiquei parada sem saber o que fazer", diz projetando a voz. "Disse isto mal, não disse?", pergunta a jovem, desiludida. A professora responde que não, que é só preciso mais energia.
Sandra é uma das atrizes que faz parte do Grupo de Teatro do Sótão. O Grupo de Teatro da ASMAL, a Associação de Saúde Mental do Algarve.
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Ela e todos os outros elementos, todos com doença mental, participam numa residência artística de quatro dias no CAPa, o Centro de Artes Performativas do Algarve.
Os ensaios provocam risos, atrapalhações. A peça é uma colagem de textos feitos pelos próprios formandos, pedaços da sua vida passada para o teatro.
Isabel Calheiros, uma das formadoras do grupo de Teatro Terapêutico salienta que estas pessoas podem até ter mais dificuldade do que outras a decorar um texto mas dão tudo o que podem, " entregam-se mais".
Para a Sandra, que tem uma doença mental, ir para o palco, ver os holofotes acenderem sobre si é uma forma de afastar o estigma. "Conseguimos ultrapassar essa barreira e deitar cá para fora aquilo que sentimos".
Nídia Gonçalves, a professora de teatro, sublinha que o trabalho final vai poder ser visto esta quinta-feira, num ensaio aberto, "para que se possa compartilhar com a comunidade o tipo de trabalho que fazemos".
E para Simão, outro utente da ASMAL, é muito bom mostrar o esforço colocado nos ensaios quando sobe ao palco. "Oh se é! É uma sensação de felicidade que não é brincadeira", diz entusiasmado.
Este projeto é cofinanciado pelo Instituto Nacional de Reabilitação.