Sistemas com botão de emergência e GPS permitem socorrer com maior celeridade em caso de problemas de saúde e segurança.
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Há cada vez mais municípios a implementar projetos de teleassistência para pessoas mais velhas que vivem sozinhas e/ou em sítios isolados, ou ainda em situação de vulnerabilidade. Na operação "Censos Sénior 2023", que a GNR realizou em outubro, foram identificadas 44.114. Os distritos da Guarda (5477), Vila Real (5360) e Viseu (3528) são os que têm mais.
De Norte a Sul, em concelhos mais despovoados no interior ou nas cidades das grandes áreas metropolitanas, são disponibilizados dispositivos distintos de alerta. Todos recorrem a novas tecnologias que os tornam mais rápidos e eficazes na sinalização de situações de emergência.
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Há dispositivos que andam pendurados ao pescoço da pessoa e que têm um botão de emergência, com intercomunicador de alta voz e com sistema de georreferenciação. Há também pulseiras com o mesmo funcionamento. Outro método é a colocação de sensores de movimento em locais estratégicos da casa.
Em todos os casos, os sinais de alerta são recebidos em "call center" criados para o efeito, instituições sociais ou salas de situação, como as da GNR, que funcionam durante todas as horas e dias do ano.
O projeto de teleassistência "eGuard" promovido pelo Comando Territorial da GNR da Guarda surgiu em 2017 como forma de responder às necessidades dos milhares de idosos que vivem sozinhos e/ou isolados, ou com alguma incapacidade, no distrito e que todos os anos constam da operação Censos Sénior (são 5.477 na edição de 2023).
O tenente-coronel João Marques, oficial de comunicação e relações-públicas da GNR da Guarda, refere que o sistema tecnológico permite "acompanhar as pessoas mais vulneráveis de forma direta e rápida em situações de crise".
O responsável realçou que há houve ocorrências em que a intervenção rápida da GNR permitiu "salvar pessoas em crises de saúde", o que se traduz em "momentos gratificantes", dado que se cumpriu o objetivo de "prestar auxílio às pessoas com mais necessidades".
Recentemente, a Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa alargou a mais idosos o "eGuard". A vereadora Ana Filipe explica que depois de um projeto-piloto, em 2019, com sete pessoas, que mostrou a sua validade para o concelho, o passo seguinte foi garantir que mais interessados pudesse aceder a ele.
Ana Filipe explica que o concelho, "apesar de não ter muitos habitantes, tem uma área geográfica muito extensa (cerca de 400 quilómetros quadrados) e muitas quintas onde vive muita gente completamente isolada". Além disso, "as freguesias têm cada vez menos população" e, mesmo que a casa esteja integrada no perímetro urbano, "muitas vezes a pessoa vive sozinha porque numa área próxima não tem um único vizinho".
É isto que acontece com Laura Andrade, 77 anos, numa rua da cidade de Vila Nova de Foz Côa. É uma das 27 pessoas abrangidas no concelho. Com o aparelho pendurado ao pescoço reconhece que é como uma pessoa que está em casa", que a deixa "descansadinha", apesar de esperar "não o usar".
Manuel Oliveira, 82 anos, vive sozinho numa casa isolada, "no meio do nada", na Quinta da Zaralhoa, perto de Freixo de Numão. Tal como Laura ainda não calhou ter de usar o botão de emergência do seu aparelho. Mas como não está livre de vir a precisar considera que foi uma "grande iniciativa" da Câmara de Foz Côa e da GNR da Guarda. "Sinto-me mesmo muito mais seguro", já que "é mais eficaz que o telemóvel e liga diretamente para as autoridades".
O guarda principal José Fernandes é bem conhecido de todos e ficam felizes da vida quando o veem chegar. Ele vai conferir se está tudo bem, se houve alguma novidade de saúde ou segurança, se precisam de alguma coisa e muitas vezes as visitas servem para conversarem um pouco sobre "tudo o que os aflige".
O "eGuard" está implementado em nove dos 14 concelhos do distrito da Guarda, com cujas câmaras municipais o Comando da GNR celebrou protocolos: Almeida, Celorico da Beira, Vila Nova de Foz Côa, Guarda, Manteigas, Mêda, Pinhel, Sabugal e Trancoso.
Neste momento, o projeto dispõe de 154 aparelhos com botão de emergência. Estão em uso 136, mas há outros que estão em reserva nas autarquias para o caso de haver uma necessidade urgente de os atribuir.
Devido ao reconhecimento da validade, o "eGuard" já foi implementado noutros distritos, como o de Viseu (concelho de Nelas) e de Braga (Esposende).