"Tem sabão em casa?" A pergunta que o município de Portimão faz à comunidade cigana
A Câmara Municipal lançou uma ação de sensibilização junto desta etnia alertando para a adoção de novos comportamentos para conter a propagação do novo coronavírus.
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Joana Pedro anda de casa em casa no bairro situado na zona industrial de Portimão. É responsável pelo projeto "Reviver no Meu Bairro", da Câmara Municipal de Portimão. Percorre as casas de uma comunidade de etnia cigana a alertar a população para os cuidados a ter com o novo coronavírus.
"Tem sabão em casa?", pergunta. " Podemos não ter álcool mas o sabão é essencial", explica a uma mulher cigana.
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Aconselha-os a não irem em grupo para qualquer local como habitualmente fazem. Entrega porta a porta uns folhetos que contêm desenhos com todos os procedimentos necessários e cuidados a ter nesta altura de pandemia. Muita desta população não sabe ler. "Alterámos o tipo de discurso, evitámos uma linguagem complexa e isso permitiu-nos chegar não apenas à comunidade cigana mas a outra população que é analfabeta e que temos no município".
No bairro veem-se muitas crianças. Ao contrário de alguns adultos, Beatriz, oito anos, já consegue ler o folheto. "Cumpra o recolhimento, salve vidas", lê confiante a menina. É ela que habitualmente desvenda o mistério das letras à avó que nunca aprendeu a ler.
Joana Pedro continua de casa em casa, dizendo para desinfetarem os sapatos antes de entrarem nas habitações, insistindo para lavarem constantemente as mãos .
A população cigana acata os conselhos mas queixa-se das condições das habitações. Algumas destas casas não têm água canalizada. "Isto é uma barraca, não tem água nem luz", lamenta um homem. A água têm de ir buscá-la a uma bica instalada no bairro pela autarquia. Situação a que a técnica não consegue dar resposta.
" Protejam-se", diz Joana em modo de despedida. "A gente faz o nosso melhor", respondem-lhe.