"Temos de levantar as calças." Deputados do PSD querem explicações da PGR na Assembleia da República
O grupo parlamentar do PSD reuniu-se de urgência para debater operação da justiça que envolveu o partido. Deputados solidários com Rui Rio e Hugo Carneiro querem explicações da PGR. "Quem quer imolar o PSD?", questiona ex-líder parlamentar Adão Silva.
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O tom é unânime na solidariedade para com Rui Rio, mas há mais: os deputados do PSD que se pronunciaram na reunião de emergência do grupo parlamentar, esta terça-feira, pedem ação firme, iniciativa política e explicações por parte da Procuradora-Geral da República à Assembleia da República sobre as buscas no partido.
Para Adão Silva, vice-presidente da AR e antigo líder parlamentar, é importante perceber "quem quer imolar o PSD". De acordo com o que a TSF apurou, Adão Silva considera que "foi infame o que fizeram com Rui Rio". "Uma espécie de auto-de-fé moderno, temos a vítima, temos o inquisidor, temos a fogueira", diz Adão Silva notando que "o PSD faz muito mal em desvalorizar a situação que está a acontecer" em referência à notícia do Diário de Notícias que diz que Montenegro desvaloriza caso das investigações às contas de Rui Rio.
Subscrevendo as palavras de Adão Silva, Maló de Abreu usa o bordão frequente do primeiro-ministro, mas com um twist: "à justiça o que é da justiça, mas neste caso passou a ser à justiça o que é da política". "Esta linha vermelha não pode ser ultrapassada, na política temos de levantar definitivamente as calças", considera o deputado para quem há um "conjunto grande de situações em que por tática se mantém as calças em baixo".
Considerando que "a PGR não assegurou a salvaguarda do Estado de Direito democrático", Maló de Abreu afirma que isto "deve ser dito olhos nos olhos, com todas as letras e toda a força" que o grupo parlamentar tem para o fazer. De resto, é mesmo Maló de Abreu quem sugere que a iniciativa política do PSD deve ser a de "ouvir a senhora PGR porque esteve a marimbar-se para o pedido que o partido fez para que ela se pronunciasse a tempo".
A sugestão de Maló de Abreu colheu em várias outras figuras do partido, nomeadamente Paulo Mota Pinto que também usou da palavra nesta reunião e fez questão de frisar que desde que regressou não o tinha ainda feito e que o faz agora porque a situação é "grave e séria" e está "em causa a democracia".
Para o também antigo líder parlamentar, "o Ministério Público não se guia por critérios de legalidade democrática". Ao que a TSF apurou, Mota Pinto dirigiu-se aos pares para saudar a iniciativa de Santos Silva levar o tema à conferência de líderes, mas não basta. "Devemos apoiar o pedido de explicações que ele fez ao Ministério Público, não queremos que falem da operação concreta", afirmou Mota Pinto exemplificando que a PGR deve ser questionada sobre "como é que a TVI chegou antes" e até mesmo sobre o "entendimento" sobre a lei.
Mota Pinto mostra-se favorável no apoio a Santos Silva no pedido de explicações e, caso estas não sejam dadas, é favorável a que a PGR seja chamada ao parlamento.
Deputados críticos da reação do PSD
Além do apoio ao pedido de explicações da PGR, houve deputados a criticar a reação da atual direção do partido a todo este caso.
Desde logo, André Coelho Lima considerou que "foi manifestamente tardio falar sobre o tema" e que sentiu que "o silêncio estava a parecer demasiado tático". Dirigindo-se à bancada, Coelho Lima, que foi vice de Rio, notou que a "gravidade estava para lá das duas pessoas envolvidas" e que esta é uma "questão de regime".
Para o deputado, a "reação ligeira da PGR é não ter noção do que se está a fazer ao regime" e isso é o que deve motivar o PSD.
Antes, Isabel Meireles também notou a posição "demasiado lacónica" do comunicado emitido pelo PSD em primeiro lugar e Maria Emília Apolinário considerou que "o PSD não teve a firmeza, foi hesitante, foi titubeante, aguardou para saber o que se passava".