"Temos de nos radicalizar." Ativistas pelo clima vão ocupar escolas em Portugal
O movimento "Fim ao Fóssil: Ocupa!" quer parar escolas e universidades para exigir o fim dos combustíveis fósseis até 2030 e pedir a demissão de António Costa Silva, o ministro da Economia que esteve 16 anos ligado à indústria petrolífera.
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A um mês do começo das aulas, os jovens da Greve Climática Estudantil (GCE) já preparam o regresso das paralisações, mas desta vez numa nova morada. A partir de setembro, os estudantes querem ocupar escolas secundárias e universidades para "protestar e exigir o fim dos combustíveis fósseis até 2030 e a demissão de elementos do Governo relacionados com os combustíveis fósseis, nomeadamente o ministro da Economia, António Costa Silva, ex-CEO da Partex", adiantou à TSF a ativista da greve climática estudantil Alice Gato.
O movimento "Fim ao Fóssil: Ocupa!" é internacional, mas Portugal já aceitou o repto: Espanha, Alemanha, Reino Unido, Costa do Marfim, Índia, Argentina, México e Estados Unidos também fazem parte da convocatória, mas as reivindicações adaptam-se às realidades de cada país, acrescenta a ativista.
Este sistema em que nós vivemos prioriza os lucros sobre a vida das pessoas.
Em Portugal, a meta para os ativistas daquele movimento é tornar o país livre da economia fóssil até daqui a oito anos e demitir António Costa Silva, o atual ministro da Economia que foi presidente executivo da Partex, uma petrolífera detida pela Fundação Gulbenkian até 2019.
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Foi no mesmo ano que os ativistas da GCE foram recebidos pelo Governo de António Costa, mas as conversas, diz Alice Gato, "não passaram de mais um passo de inação e de negação da crise que estamos a viver".
Seguir o exemplo internacional
"Já tentámos conversas, já tentámos negociar, já tentámos sensibilizar as pessoas, já fizemos greves, já fizemos pequenas ações. Temos de nos radicalizar. Não podemos continuar à espera que o Governo tenha uma ação por si, porque isso não vai acontecer", sublinhou.
Aos 20 anos, Alice Gato e os restantes membros da GCE, não têm memória de ocupações de escolas ou universidades e, por isso, admitem que estão atentos à forma como os outros países vão concretizar a iniciativa. Em Portugal, o movimento deve concentrar-se nos estabelecimentos de ensino de Lisboa e assumir programas diferentes para fazer face às necessidades de cada comunidade.
"Vamos ter espaços políticos, onde falamos sobre alterações climáticas, sobre transição justa. Vamos passar filmes sobre resistência, que motivem as pessoas para a mudança. Mas nós sabemos que os estudantes têm outros problemas relacionados com a indústria fóssil e com este sistema em que nós vivemos que prioriza os lucros sobre a vida das pessoas", revelou a jovem ativista.
Antes das ocupações, Alice Gato relembrou que está marcada para o dia 23 de setembro, uma sexta-feira, mais uma greve climática global, uma oportunidade para "tentar criar novas alianças com professores e com a comunidade educativa".
Sobre o risco desta nova forma de ativismo gerar mais críticas ao movimento GCE, a ativista é clara: "Nós receamos mais a crise climática."