"Temos lideranças fracas." Ministra anuncia auditoria a conselhos de administração de alguns hospitais
Ana Paula Martins refere que o país "precisa de lideranças à frente dos hospitais e à frente dos serviços que sejam mobilizadoras e que atraiam os jovens profissionais"
Corpo do artigo
A ministra da Saúde considerou, esta quarta-feira, que há conselhos de administração nos hospitais que têm "lideranças fracas". Ana Paula Martins, que está a ser ouvida no Parlamento sobre o plano de emergência para o Serviço Nacional de Saúde, afirmou que vai fazer uma auditoria a esses conselhos de administração.
"Nós temos lideranças fracas. Precisamos de lideranças à frente dos hospitais e à frente dos serviços que sejam mobilizadoras, que atraiam os jovens profissionais, que os tratem bem, nós não tratamos bem as pessoas na administração pública", disse a governante, sublinhando que os departamentos de recursos humanos dos hospitais, "muitas vezes, levam meses para responder a um médico, a um farmacêutico ou a um enfermeiro".
"Isto não é aceitável e posso dizer-lhe que, no âmbito das medidas de eficiência, senhor deputado Rui Cristina, vamos ter uma comissão de acompanhamento e uma comissão de auditoria aos conselhos de administração. Não é de maneira nenhuma hostilizar, muito pelo contrário, é apoiá-los a cumprir a sua missão", afirmou.
Ana Paula Martins está a prestar declarações na Comissão da Saúde do Parlamento, a pedido do PSD, PS e Chega, e adiantou que não compreende a razão pela qual alguns conselhos de administração dos hospitais deixam arrastar certas situações.
"Porque é que eu tenho hospitais - não vou dizer quais - que, em janeiro, já tinha todos os médicos pediatras a entregarem o papel das 150 horas e 250 horas? Não aconteceu nada? Não se fez nada? Achou-se normal que isso acontecesse e esteve-se, até agora, à espera que fechasse urgência de pediatria?", questionou.
"Isto são bons líderes? Não, não são", atirou, referindo que "tem de haver escrutínio e avaliação". "Os que são bons têm de ficar, têm de ser recompensados, tem de haver avaliação de desempenho para os gestores, tem de haver autonomia. Não basta que os administradores, sejam eles quem forem, com todo o respeito, venham dizer que não tem condições", acrescentou.
A ministra afirmou também que haverá uma comissão de acompanhamento formada por pessoas independente para avaliar como irá decorrer o Plano de Emergência do SNS, apresentado pelo Governo.