"Temos muito trabalho em curso que não podemos parar." Costa admite "problemas", mas apela à "confiança"
Na última mensagem de Natal como primeiro-ministro , António Costa cita as contas certas, a aposta nas qualificações e na transição energética como razões para o país ter confiança no futuro. Sem referência direta às eleições legislativas antecipadas, Costa defende que o "trabalho em curso" não pode parar.
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A mensagem, a última frente à árvore de Natal de São Bento, parece inspirada no mote "Juntos Seguimos e Conseguimos" do programa eleitoral que deu António Costa a maioria absoluta, em 2022. O primeiro-ministro demissionário cita o melhor nível de qualificações, o investimento na transição energética e o fim dos "crónicos défices orçamentais", como razões para a confiança no futuro do país que liderou nos últimos oito anos.
"Porque temos mais liberdade para decidir; porque estamos mais bem preparados para enfrentar o maior desafio da humanidade; porque temos uma sociedade mais qualificada e inovadora. Por tudo isto, podemos continuar a ter confiança no nosso futuro," defende António Costa, numa mensagem em que, em tom íntimo, lembra os oito anos de convivência.
"Tenho estado convosco em cada noite de Natal dos últimos oito anos. Ao longo destes anos partilhámos momentos muito diversos: momentos de profunda tristeza e de enorme incerteza, mas, também, momentos de esperança e de grande alegria. Em todos estes momentos, mesmo nos dias mais difíceis, procurei sempre transmitir-vos confiança. Confiança em vós, confiança na nossa capacidade coletiva, confiança em Portugal."
Confiança é a palavra mais repetida ao longo da mensagem, mas outra palavra "juntos" marca presença: um "nós" que António Costa quer colar ao caminho percorrido nos últimos oito anos.
"Juntos temos conseguido mais e melhor emprego; diminuímos a pobreza e
reduzimos as desigualdades; recuperámos a tranquilidade no dia-a-dia das famílias; juntos temos atraído mais investimento das empresas e conquistado mais exportações; repusemos direitos e equilibrámos as contas públicas; juntos ultrapassámos dificuldades e juntos construímos um país melhor," destaca Costa.
O primeiro-ministro demissionário lembra também as "angústias da pandemia" e a garantia de que "a tragédia dos incêndios de 2017 não se repete." E aponta para os desafios de um futuro, admitindo que "há problemas que ainda temos de ultrapassar," mas sublinhando que "temos muito trabalho em curso que não podemos parar."
Na última mensagem de Natal como primeiro-ministro, António Costa, criticado pelas oposições por não ter obra à altura de uma maioria absoluta, desenvolve as três razões para a "confiança" no futuro.
Costa considera que o país tem hoje um melhor nível de qualificações porque "enquanto o abandono escolar precoce caiu para valores claramente abaixo da média europeia, o número de jovens no ensino superior ultrapassou essa média europeia."
O chefe de Governo coloca depois Portugal como o país da União Europeia em melhores condições para alcançar a neutralidade carbónica até 2045, aproveitando também a oportunidade económica: "até outubro, 63% da eletricidade que consumimos teve origem em renováveis. Este valor será de 80% até 2026."
E finalmente, valoriza a política de contas certas, sublinhando que "Portugal conseguiu libertar-se de "décadas de crónicos défices orçamentais."
"Termos menos dívida significa maior credibilidade externa, mas significa, acima de tudo, maior liberdade para os portugueses. A liberdade de escolher como utilizar o que se poupa no serviço da dívida. A liberdade de escolher em que áreas desejamos mais investimento ou em que termos defendemos menos impostos," sublinha António Costa naquele que parece ser um aviso para quem, como o novo líder do PS Pedro Nuno Santos, defende outras prioridades.
Esta mensagem que é mais um passo na despedida que começou a 7 de novembro, quando anunciou a demissão, termina com António Costa a manifestar confiança reforçada "na nossa Pátria."
"É com esta confiança reforçada em cada um de vós, na nossa capacidade coletiva, em Portugal, que me despeço desejando um feliz Natal, um excelente ano de 2024 e a certeza de que os portugueses continuarão a fazer de cada Ano Novo um ano ainda melhor," conclui.