"Temos os jardins secos." São João da Pesqueira vai disponibilizar água das ETAR à população
Município avisa que a rutura do abastecimento a partir da albufeira de Ranhados ocorrerá no início de setembro se se mantiver o consumo diário de 640 litros por pessoa, "quando o desejável seria 200".
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A seca que o país atravessa, a mais grave dos últimos cem anos, está a levar os municípios a tomar medidas. Em São João da Pesqueira, no distrito de Viseu, a autarquia está apostada em "transformar a saída das águas das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) com novos filtros" para a disponibilizar à população.
À TSF, Manuel Cordeiro conta que no concelho não se está a usar a água da rede para regar e que foi criada uma equipa que há cerca de cinco meses se dedica à deteção de fugas e ao arranjo de ruturas. "Não estamos a usar a água da rede. Temos os jardins secos, as relvas secas, por exemplo", descreve.
No entanto, "é preciso disponibilizar água às pessoas, designadamente para regra", diz, lembrando que aquele é um concelho com muita vinha e plantações. "Evidentemente que, quando [as pessoas] verificam que o seu poço próprio seca, se calhar, veem-se obrigados a ir à rede". E é precisamente para contrariar isso que a autarquia está a investir no reaproveitamento das águas das ETAR.
"Temos já uma aqui, em São João da Pesqueira, que estará em breve disponível para fazermos uso para regras e disponibilizá-la à população para evitar a necessidade de ir à rede", explica Manuel Cordeiro, acrescentando que o objetivo é estender esta medida a todas as ETAR.
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A Câmara Municipal de João da Pesqueira, conta esta quinta-feira o Jornal de Notícias, avisou que a rutura do abastecimento a partir da albufeira de Ranhados, que também serve Mêda e Foz Côa, ocorrerá no início de setembro se se mantiver o consumo diário de 640 litros por pessoa, "quando o desejável seria 200".
Para fazer face à escassez de água, refere o diário, cinco municípios admitem mesmo a possibilidade de cortes durante a noite. É o caso de Mangualde, onde "a situação é grave" e com "tendência a piorar", admitiu à TSF o autarca Marco Almeida.
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Pelo menos 36 municípios estão a minimizar, ou mesmo proibir, o uso de água da rede pública para rega de jardins, hortas, enchimento de piscinas e tanques ou lavagens de passeios e pátios. Algumas câmaras fixaram multas pesadas para quem não cumprir as regras.