"Temos reuniões agendadas." PRO.VAR vai pressionar Parlamento para recuo na proposta de lei sobre o tabaco
A associação nacional de restaurantes diz estar a fazer todos os esforços para que os deputados na Assembleia da República tenham "esse sensibilidade".
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A PRO.VAR, associação nacional de restaurantes, vai fazer pressão no Parlamento para que o Governo recue na proposta de lei sobre o tabaco, que já está na Assembleia da República. Depois de ter voltado atrás na proibição de venda nas estações de serviço, Daniel Serra, presidente da associação, revela que tem reuniões marcadas com deputados.
"Já temos algumas reuniões que estão a ser agendadas com deputados no sentido de reverter esta medida. Estamos, obviamente, a fazer todos os esforços para que na Assembleia da República os deputados tenham essa sensibilidade. É preciso que a lei tenha verdadeira eficácia e, se realmente estamos de acordo, é esse o esforço que temos de fazer para que o país seja mais saudável e a liberdade das pessoas não colida. Estamos todos de acordo com isso, vamos fazer esse esforço, não vamos é tirar o negócio a uns para dar a outros", revelou Daniel Serra no Fórum TSF.
Neste Dia Mundial Sem Tabaco, Nuno Jacinto, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, insistiu num alerta: só a lei não chega. É preciso reabrir consultas e comparticipar medicamentos.
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"Tem de haver uma generalização das consultas de cessação tabágica. Isto depois vai entroncar num outro problema do SNS, que é a falta de recursos humanos, nomeadamente de médicos e enfermeiros que possam fazer essa consulta. Sem ovos não conseguimos fazer omelete. Se já temos poucos médicos e enfermeiros sobretudo a nível dos centros de saúde para todas as tarefas, fica ainda mais complicado disponibilizá-los para estas consultas, mas é facto que são essenciais", explicou Nuno Jacinto.
O professor José Precioso, do Instituto de Educação da Universidade do Minho e que fez o maior estudo em Portugal sobre o ar que se respira em locais públicos com fumadores, receia que haja ainda mais passos atrás depois na discussão na Assembleia da República, como já aconteceu no passado.
"Com o Governo anterior a este, e já lá vão uns anos, estivemos mesmo à beira da proibição do consumo de tabaco nos automóveis. O grande problema é se os conviventes a bordo estão submetidos a uma atmosfera muito intensa em relação aos tóxicos do tabaco e vierem com crianças é uma forma de infligir maus-tratos. Efetivamente houve um recuo", recordou José Precioso.
O investigador apresenta na quinta-feira, em Évora, um estudo que conclui que há um incumprimento geral da lei que proíbe fumar nos parques infantis.
"Já é proibido fumar, entre outros espaços, nos parques infantis e há um incumprimento geral. Esse já é um problema de cumprimento da lei", afirmou o professor.