Tempestade Martinho: ministra defende que Estado "deve ajudar" na recuperação da Serra de Sintra
Em declarações à TSF, Maria da Graça Carvalho revela que o levantamento dos prejuízos relativos à passagem da tempestade Martinho está a ser feito e sublinha a importância do apoio à reflorestação como parte de um plano mais alargado
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A ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, defende que o Estado deve ajudar na reflorestação da Serra de Sintra após a queda de quase cem mil árvores na sequência da passagem da tempestade Martinho, em março. Em declarações à TSF, a governante revela que o levantamento dos prejuízos está a ser feito e sublinha a importância do apoio à reflorestação como parte de um plano mais alargado.
"Aprovámos o plano para as florestas, exatamente com uma atenção muito especial ao cuidado da floresta, cuidar do que existe e reflorestar, aumentar o número de árvores e a quantidade de área com floresta no nosso país e, neste caso concreto, o Estado deve ajudar e colaborar na reposição e nos estragos que foram feitos através de logística e financiamento. Sei que já estão a ser contabilizados todos os estragos em consequência destas últimas tempestades, nas florestas, na agricultura e na orla costeira", explica à TSF Maria da Graça Carvalho.
A ministra admite ainda que o relatório do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do programa da União Europeia de observação da Terra Copernicus (C3S) e da Organização Meteorológica Mundial (OMM) reflete o que já se sente no mundo com o aumento das temperaturas e fenómenos climáticos extremos. O documento também indica que, no ano passado, arderam em Portugal quase 110 mil hectares, um quarto da área ardida na Europa. Maria da Graça Carvalho considera que faz todo o sentido o pedido dos empresários florestais para que seja alargado o prazo para limpar os terrenos, prazo esse que termina no final deste mês.
"Se não conseguiram fazer a limpeza, eu acho que faz sentido, mas irei coordenar com o senhor ministro da Agricultura, que tem a pasta das florestas. Nós temos também uma ajuda à limpeza das florestas através do projeto Vales Floresta. Não é muito fácil de aplicar no terreno porque são pequenas propriedades muito dispersas e muitas vezes não são conhecidos os donos. A decisão será tomada em breve, porque o prazo termina no fim de abril, portanto, será muito rápido", garante.
Na TSF, Filipe Duarte Santos, presidente do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, defendeu que a fragmentação da propriedade rústica não ajuda à prevenção dos incêndios. A ministra do Ambiente reconhece o problema.
"É óbvio que é um problema, tanto na limpeza das florestas, das matas, como na prevenção, o facto de serem pequenas propriedades, muito delas sem sabermos quem é o responsável por essas propriedades. É uma dificuldade e um obstáculo", admite, sublinhando a necessidade de haver uma "coordenação" na limpeza das florestas.
No que diz respeito às alterações climáticas, a governante assinala que ainda há muito por fazer, mas destaca o trabalho das energias renováveis: "Em 2024, batemos novamente um recorde produção de energias renovadas nos países melhor posicionados na Europa, tivemos 71% do consumo de eletricidade de origem renovável em Portugal."