Temporal destrói estufas de morangos e tomates, agricultores com perdas significativas
A zona Oeste e o Sudoeste Alentejano são duas regiões afetadas
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O temporal que se tem feito sentir nos últimos dias danificou várias produções de morangos na zona Oeste. A zona do Ameal, em Torres Vedras, foi a mais afetada e há já produtores que temem perder todos os morangos que plantaram. Também os produtores do litoral alentejano foram bastante afetados pela tempestade e admitem que o vento e a chuva possa ter comprometido 30% das culturas.
Artur Correia, agricultor e sócio da Hortiart-produção de morangos, andava, na manhã desta sexta-feira, entre os “túneis” de morangos a tentar retirar os plásticos rasgados e os ferros que a força do vento conseguiu retorcer. "O vento retraçou tudo”, lamenta. “E agora está a chover, ainda não parou, e os morangos que estavam protegidos vão ficar todos ao ar livre”, acrescenta. “Se continuar a chover é tudo para o lixo, não consigo tirar nada”, garante. O agricultor estima que, no que diz respeito aos seus 13 hectares de produção, os prejuízos atinjam os milhares de euros.
O presidente da Associação de Horticultores, Fruticultores e Floricultores do Sudoeste Alentejano (AHSA) considera que ainda é cedo para avaliar os prejuízos, mas estima que eles possam ser “bastante elevados”. “ Sobretudo em quem tem áreas cobertas, estufas, túneis e estufins”, afirma. “Chegam-nos percentagens da ordem dos 30% [de perdas] o que, a ser verdade e a ser generalizado, é muitíssimo significativo”, avança Luis Mesquita Dias.
O dirigente da AHSA explica que a depressão Martinho chegou numa altura em que as estufas estavam no início da produção. “Há o prejuízo da perda das estufas e do potencial produtivo propriamente dito”, afirma. Luís Dias lembra que as estufas no perímetro do Mira representam apenas 13% e que estas perdas alastram-se também às culturas de ar livre (espinafres, alfaces e couves, por exemplo) que “ficaram bastante danificadas”.
Apesar da meteorologia representar nesta altura uma dor de cabeça para os agricultores, o responsável da AHSA saúda a resposta pronta dos organismos governamentais. “Tão pouco tempo depois do vento, já estão técnicos da CCDR [Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional] no campo a visitar as associações e os produtores no sentido de quantificar os problemas e isso é um bom sinal”, salienta. “Agora é importante que os apoios necessários (…) também sejam acionados rapidamente”, acrescenta.
Artur Correia está mais pessimista. “Eu não espero nada”, afirma. ”Sabe aquele temporal, acho que foi em 2009, que também retraçou tudo?", questiona. “Também fizeram qualquer coisa, mas as burocracias que eles impõem, eu já não tenho paciência”, diz desanimado.