Sismo em Lisboa, temporal em Aveiro. Não é profecia, é o maior exercício de sempre
Como responderiam as forças de Proteção Civil nacionais a dois cenários de emergência especial? É o que vamos descobrir através do maior exercício de Proteção Civil alguma vez realizado em Portugal.
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Chama-se Cascade 2019 e vai trazer a Portugal condições meteorológicas adversas em Aveiro seguidas de um sismo mais a sul, nas zonas de Lisboa, Setúbal e Évora.
Não, não é uma profecia bíblica. Este é um exercício europeu de Proteção Civil que começa esta terça-feira e vai estender-se até ao dia 1 de junho. Portugal é um dos países que participam nesta ação conjunta com Alemanha, Bélgica, Croácia, Espanha e França que vai envolver mais de três mil operacionais e de dois mil figurantes.
É o maior exercício alguma vez levado a cabo em Portugal, sendo organizado pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), com a colaboração da Direção-Geral da Autoridade Marítima e cofinanciado em 80% pela União Europeia, com um custo de 1,3 milhões de euros.
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À TSF, a segundo-comandante operacional nacional, Patrícia Gaspar, explica que o objetivo deste exercício é testar os procedimentos operacionais de acolhimento de ajuda externa. Por isso, este será um cenário global, uma emergência de grande complexidade que vai aferir como é que esses mesmos mecanismos estão a ser utilizados e se estão, de facto, a funcionar.
Sem poder revelar pormenores, Patrícia Gaspar explica que os dois cenários colocados em cima da mesa - condições meteorológicas adversas e um sismo - tem como objetivo perceber a "conjugação destes dois eventos com todos os cenários que surgem em consequência" deles.
Uma coisa é certa, a cascata de ocorrências não vai parar: haverá cheias, poluição marítima, ruturas de barragens, acidentes químicos, colapso de estruturas, acidentes ferroviários e rodoviários, e incêndios urbanos que provocam danos materiais avultados e um número significativo de vítimas mortais.
Sob teste estará, como é natural, a capacidade de resposta dos meios de Proteção Civil como "a mortuária, a busca e salvamento em ambiente urbano, o combate a incêndios e a resposta a acidentes rodoviárias e ferroviários". Mas nem tudo estará previsto: "Os detalhes mais pormenorizados dos cenários não serão revelados antes, até para não retirar do exercício o fator surpresa, que acaba por ser importantíssimo".
Os detalhes mais pormenorizados dos cenários não serão revelados antes.
Para evitar ainda mais surpresas desagradáveis - e porque Portugal Continental está, neste momento, em situação de alerta devido às temperaturas elevadas e ao risco de incêndio - Patrícia Gaspar garante que tudo está acautelado. Até porque isso se materializa em "mais um desafio".
"Não vamos envolver as equipas que estão alocadas ao Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais", explica a segundo-comandante operacional nacional, acrescentando que estas equipas se mantêm nas suas bases prontas para responder a qualquer ocorrência. "Vamos continuar a monitorizar a situação diária como fazemos normalmente", sendo que este exercício é feito com recurso a uma "capacidade adicional".
Assim, se surgir uma outra ocorrência com tal dimensão que exija um reforço de meios, "o exercício será de imediato suspenso e os meios necessários serão retirados do exercício para responder à situação real".
Se, no meio de tudo isto, está a pensar na forma como reagiria a qualquer uma destas situações, embora nada tenha de temer, também pode tirar ilações dele.
Como me posso proteger antes mesmo das intervenções das forças de socorro?
"Estamos em crer que este exercício será uma oportunidade para chamar a atenção das pessoas para a importância de estarem atentas a estes fenómenos, de conhecerem os mecanismos de autoproteção", sendo que há uma pergunta central: "Como me posso proteger antes mesmo das intervenções das forças de socorro?"
Este exercício começou a ser preparado há ano e meio e envolve meios de Portugal Continental, Açores e Madeira, além de equipas dos outros cinco países europeus participantes.