"Tenho muito receio do desconfinamento. Tem de ser gradual e na altura certa"
Coordenador da resposta em medicina intensiva, João Gouveia, diz à TSF que o alívio de medidas tem ser feito de acordo "com indicadores muito claros".
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Coordenador da resposta em medicina intensiva, João Gouveia, diz à TSF que o alívio de medidas tem ser feito de acordo "com indicadores muito claros".
Apesar do confinamento começar a dar resultados no que diz respeito a incidência de novos casos, é preciso cautela quando abordamos a reabertura do país. É isso mesmo que avisa João Gouveia, que lidera o grupo de Coordenação de Medicina Intensiva à Covid-19.
Na véspera da reunião de peritos no Infarmed, o especialista mostra-se receoso em relação ao alívio das restrições atualmente em vigor."Depois de três quartas ou quintas-feiras com os números a descer sistematicamente, podemos falar", afirma à TSF, alertando que "tem muito receio do desconfinamento".
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"Tem de ser gradual, apenas na altura certa e de acordo com indicadores muito claros e muito bem definidos. Esses indicadores serão o número de casos francamente mais baixo, abaixo dos 3000 casos por dia, Rt inferior a 0,7 e número em medicina intensiva francamente mais baixo do que aquele que temos hoje", disse.
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O país enfrenta ainda semanas de grande pressão nos hospitais, precisamente nas unidades de cuidados intensivos, como explica João Gouveia. "Estamos praticamente na capacidade de expansão máxima, mas ainda temos alguma capacidade. Neste momento, temos mais doentes em medicina intensiva Covid do que camas que tínhamos no início do ano, portanto, a nossa capacidade de expansão foi extraordinária. Neste momento, temos 94,95% de taxa de ocupação em Lisboa e Vale do Tejo, não estamos a falar de 95%, estamos a falar de 190% porque duplicámos a capacidade original", lembra coordenador de medicina intensiva.
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João Gouveia elogia ainda a ajuda dos médicos e enfermeiros alemães, que chega numa altura em que os profissionais de saúde portugueses "estão muito cansados". "Este trabalho vai ser muito importante porque vai aliviar alguns hospitais da área de Lisboa, que estão aflitos, sobrecarregados, tal como as transferências inter-regiões", sublinha, não descartando a possibilidade de se estender o apoio da equipa médica germânica para além do tempo previsto.
Nas últimas 24 horas, depois de um ligeiro abrandamento, os internamentos dispararam. Há mais 96 pessoas em enfermaria e 12 em cuidados intensivos. No domingo, registaram-se 196 mortes e 2505 novos casos de contágio, o número mais baixo desde o início de 2021.
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