Xavier Viegas defende que nem todos deviam ser obrigados a abandonar as casas
"Quem tem capacidade física para suportar a passagem do fogo podia ficar em casa". É a opinião de Xavier Viegas, responsável pelo Centro Estudos Fogos Florestais da Universidade de Coimbra, ouvido pela TSF sobre o incêndio de Monchique.
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Falhou a "prevenção estrutural". Xavier Viegas entende que deviam ter sido feitas "faixas de descontinuidade" na floresta. "Terá faltado fazer muita coisa, sobretudo na prevenção básica, estrutural", diz o especialista em incêndios, referindo-se às "faixas de rede primária que criam descontinuidades no meio da floresta e permitem criar oportunidades para se poder suster o fogo".
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Noutra fase, na do combate, o responsável pelo Centro Estudos Fogos Florestais da Universidade de Coimbra sugere que Portugal devia recuperar o uso de produtos químicos para controlar o fogo mais rapidamente.
"Em Portugal já foram usados, são produtos que aumentam grandemente a eficácia do combate". Podem ser usados nos meios aéreos e terrestres, sublinha, acrescentando que não sabe por que caíram em desuso. "Não sei se tem que ver com razões económicas, razões pessoais ou influência de algum lobby, mas creio que seria uma mais-valia. O investimento seria recuperado em termos de eficácia no combate".
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Se em relação à prevenção estrutural Xavier Viegas deixa críticas, já em relação à prevenção humanitária entende que a lição foi aprendida. A defesa das populações é agora mais eficaz, sublinha o especialista, considerando, contudo, que nem todos os habitantes de aldeias em risco deviam ser obrigados a abandonar as casas.
"Esta ideia das pessoas saírem de casa deve ser uma decisão tomada com muita antecedência", adianta. Há um grupo que deve abandonar as residências: "Pessoas de idade, crianças, pessoas com doenças devem ser retiradas", mas "quem tem capacidade física e recursos para suportar a passagem do fogo podia ficar em casa". Isto porque "as casas teriam menor hipótese de ser destruídas".
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Xavier Viegas deixa no entanto uma com uma recomendação: "Não enfrentar o fogo em tronco nu ou de chinelos, mas estar devidamente protegido".