O documento define, por exemplo, o tipo exato de lápis com que se pode escrever e exige aos professores que estejam atentos aos alunos. Docentes nunca viram instruções tão detalhadas.
Corpo do artigo
Os diretores das escolas e a Associação Nacional de Professores criticam aquilo que consideram ser o exagerado nível de detalhe do manual que receberam com as instruções sobre o que devem fazer durante o novo teste de diagnóstico de inglês que se realiza na quarta-feira.
O documento tem 21 páginas e prevê coisas como a distância exata entre as mesas, os tipos específicos de lápis que se tem de usar (apenas são permitidos os B ou HB), a proibição de comerem, beberem ou usarem telemóveis (alunos e professores), bem como a necessidade de os docentes estarem «particularmente atentos a alunos que precisem de assistência ou ajam de maneira suspeita».
Os professores estão ainda impedidos de «ter qualquer outra atividade que não seja a vigilância do teste, não sendo permitido ler ou usar o computador/telemóvel durante a vigilância do teste».
Para além de centenas de instruções detalhadas, o manual, a que a TSF teve acesso e que foi entregue às escolas, prevê que os professores vigilantes têm de ler aos alunos, «na íntegra», quase 50 instruções repartidas pelo início de cada parte do teste.
Essas instruções incluem frases como «a partir de agora é obrigatório cumprir as normas do teste», «abra o seu enunciado e comece o teste» ou «tem alguma questão».
A presidente da Associação Nacional de Professores diz que o nível de exigência e detalhe deste manual é muito superior ao dos exames nacionais. Paula Carqueja sublinha que as frases são de leitura obrigatória e admite que os professores estão assustados com tantas regras.
Pedro Araújo, da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), refere que este teste de inglês está a ser uma dor de cabeça para as escolas. O manual tem um tamanho «nunca visto» nas escolas portuguesas e é «exagerado, indo a um nivel de pormenor que nem se tem verificado nos exames nacionais».
A Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) também admite algum exagero neste manual, mas diz, no entanto, que não é muito mais do que noutras provas.
Filinto Lima acrescenta que este teste é aplicado pelo Ministério da Educação mas elaborado pela Universidade de Cambridge que passa o certificado, sendo isso, segundo acredita, que obriga a uma uniformização de regras que «é levada ao exagero».
O teste que se realiza na próxima quarta-feira tem como objetivo diagnosticar o nível de inglês dos alunos a frequentar o 9.º ano de escolaridade, mas também pode ser feito, opcionalmente, por quem anda nos 6.º, 7.º, 8.º, 10.º, 11.º e 12.º anos.
O Ministério da Educação prevê que 121 mil alunos façam este teste, em 1.325 escolas e vigiados por 17.500 professores. O Gabinete de Avaliação Educacional não comenta as críticas ao manual que deve orientar os professores na realização da prova.