Cauteloso para não hostilizar Tino, desta vez, André Ventura não interrompeu e até consegui estar largos minutos em silêncio. Divergiram sobre a comunidade cigana e sobre a demissão da ministra da Justiça.
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Assumem-se os dois contra as "elites" e como sendo "fora do sistema", mas, logo nos primeiros minutos do debate na RTP3, André Ventura já falava em "ir para o Governo" e garantia que "sem o Chega e o PSD não haverá uma maioria de direita. Pelo meio, ainda aproveitou para (dizendo que não queria falar) trazer ao debate o nome de Passos Coelho.
Questionado sobre se é ao PSD (partido de onde saiu) e a Rui Rio que tenciona "dar o braço", Ventura apontou ao lado: "Pode ser outro líder. Não sabemos se Pedro Passos Coelho vai voltar ou não".
Já no final do debate, regressaria o nome do antigo primeiro-ministro: "É meu amigo". E perante a pergunta se seria mais fácil chegar a acordo com Passos Coelho, Ventura fez um silêncio: "Não vou fazer comentários."
Pelo meio, tinha ouvido Vitorino da Silva dizer que, ele sim, é "fora do sistema: "Quem está com o monopólio não quer mais concorrência", lembrando que Ventura não assumiu qualquer posição na altura em que Tino esteva fora do sorteio para os debates televisivos.
Num debate em que os dois candidatos fizeram um esforço para não se interromperem e tentaram até passar a imagem de alguma sintonia em algumas matérias (redução do número de deputados, fiscalização e eficácia do Estado), dois temas marcaram a divergência.
Primeiro, a questão da polémica sobre a nomeação do Procurador Europeu: Ventura insiste numa demissão: "Esta ministra da Justiça não tem espaço para continuar no Governo" e o Presidente da República devia dar "um sinal" ao Governo.
Já para Vitorino Silva aplica-se o provérbio: "Cada macaco no seu galho. Não sou candidato para mandar nenhum ministro para o desemprego". O candidato considera que serão os eleitores a julgar o primeiro-ministro.
Segunda divergência: a comunidade cigana. "Há um problema com a etnia cigana que o Estado não quer aceitar que há", insistia André Ventura quando foi interrompido por Vitorino Silva: "É mais fácil prender um cigano". Já tinha dito antes que "os ciganos não são burros, são pessoas" e que "há ciganos que pedem emprego e não lhes dão porque são ciganos".
Vitorino Silva inaugurou, aliás um novo estilo nos debates, ao trazer e colocar em cima da mesa, pedras de várias cores, apanhadas de uma praia "muito linda" onde disse ter ido, hoje, passear: "o mar traz pessoas de todas as cores".