"Tivemos um pico." Urgências do São João atingem valores das vagas da pandemia
Diretor do serviço de urgências do Hospital de São João lamenta que as urgências hospitalares estejam a ser o único destino destes doentes.
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A procura pelas urgências do Hospital de São João, no Porto, atingiu no domingo valores só comparáveis aos verificados nas vagas da pandemia. Os doentes com suspeitas de Covid-19 estão a entupir o serviço numa altura em que o número de positivos voltou a ser alto, mas os casos graves são cada vez mais raros.
O diretor do serviço, Nelson Pereira, lamenta que as urgências hospitalares estejam a ser o único destino destes doentes e avisa que o SNS 24 não pode continuar a encaminhar estes casos para os hospitais.
"Ontem tivemos um pico, em linha com o crescimento que estava a ser sentido, com números perfeitamente comparáveis com os picos das várias vagas pandémicas e com uma percentagem de positividade que nunca tivemos: 46%. Isto não significa volume de doença grave significativa, mas significa uma disfunção da situação atual em termos de gestão pandémica. Estamos, de facto, a entupir os serviços de urgência com situações que não justificam. Os cuidados de saúde primários deviam, neste momento, estar a receber todos os doentes em todas as unidades", explicou à TSF Nelson Pereira.
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O diretor do serviço de urgências do Hospital de São João acredita que o fim dos testes gratuitos nas farmácias também está a contribuir para o agravamento da situação.
"Não discuto a bondade da decisão. Se as pessoas acham que têm direito a um teste gratuito e não o encontram no sítio onde até agora o encontravam vão a um sítio onde o encontram, os hospitais, mas dessa forma e com esse comportamento estão a prejudicar os doentes graves que estão nos serviços de urgência", afirmou o diretor do serviço de urgências do Hospital de São João.
Nelson Pereira lamenta que a redução das regras de proteção e combate da pandemia não esteja a ser acompanhada pela simplificação do processo de acompanhamento dos doentes.
"Surgiu aqui uma discrepância no que são várias medidas tomadas no sentido de tornar menos complexa a gestão da pandemia e, por outro lado, diminuir as respostas que as pessoas têm disponíveis. Afunilar toda a capacidade de resposta para os serviços de urgência quando deveriam estar a ser poupados numa situação que é entendida como sendo de menor gravidade. Os únicos locais que deviam estar a ser reservados para situações mais graves estão a ser absolutamente assoberbados por situações ligeiras que deviam estar a ser geridas de outra forma", acrescentou Nelson Pereira.
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