Simonetta Luz Afonso, Comissária de Portugal na Expo 98, recorda a preparação da Exposição Mundial de Lisboa e a pressão pública. "No final, conseguimos".
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Duas décadas depois do início da Expo 98, a Comissária de Portugal na altura recorda a agitação e a ansiedade que antecederam a abertura da Exposição Mundial. "É emocionante", afirma
Destes tempos agitados, Simonetta Luz Afonso recorda a pressão e as críticas da opinião pública. "Imagine o que é estar constantemente a ouvir dizer mal. Toda a gente dizia: 'a Expo não abre! Vai correr mal!'. É muito deprimente para quem está a tentar que tudo avance", lembra.
A verdade é que a Expo abriu. E 20 anos depois, a pala do Pavilhão de Portugal continua de pé. "No final, conseguimos".
A 22 de maio de 1998, o arquiteto Tomás Salgado tinha 27 anos. Anos antes, tinha começado a trabalhar no projeto da Exposição Mundial de Lisboa. Na Manhã TSF, recorda uma equipa muito jovem, que assumiu um projeto pesado. "Éramos incrivelmente inconscientes. Deram a um grupo de pessoas muito novas um nível de responsabilidade impensável hoje em dia".
Talvez por causa dessa "inconsciência", Tomás não tinha dúvidas: "Claro que a pala não ia cair. Claro que a Expo ia abrir".
A equipa de Tomás Salgado ficou responsável pelo projeto dos espaços públicos e jogos de água na Expo 98. Entre eles, os vulcões, marca incontornável. Para isso, contactaram os designers da Disney. "Como é que foi possível descobrir aquela gente sem Google? A verdade é que conseguimos".
Duas décadas depois da abertura da exposição, debaixo da pala do Pavilhão de Portugal, Simonetta Luz Afonso, Comissária de Portugal, o arquiteto Tomás Salgado, da equipa de projeto dos espaços públicos e João Brites, diretor da Unidade de Espetáculos da Expo lembram esses tempos emocionantes.
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"Lembro-me de estar aqui, na última reunião que fiz aqui debaixo da pala com os elementos da Unidade de Espetáculos. Fazíamos estas reuniões porque sempre quis que as pessoas soubessem o que estávamos aqui a fazer. Nesse último dia, parecia um comício".
Sobre os espetáculos que animaram os 132 dias da Expo, João Brites recorda o espanto do público. "As pessoas paravam para tentar perceber o que se estava a passar. Paravam e pensavam. No fundo, é para isso que serve a arte".
E depois, chegou ao fim. A 30 de setembro de 1998, a Expo 98 terminava. Houve um sentimento de vazio? "Sim, sim. Mas também de alívio, depois de toda aquela agitação", lembra Simonetta.
Para Tomás Salgado, não houve tempo para nostalgia. Era preciso passar à próxima fase, pensar o que viria a seguir à Expo 98.
João Brites regressou a casa. Durante a Expo, viveu no Hotel Tryp, aqui ao lado. "Foi como se estivesse num outro país. O hotel era um outro país". Por isso, o fim da Expo foi um regresso a casa depois de uma temporada fora.
"O que fica são as pessoas. Existe ainda hoje um sentimento de solidariedade entre aqueles que participaram. Uma relação humana que não é memória - ainda aqui está", afirma João Brites.