Em declarações à TSF, a autarca de Ponta do Sol denuncia que "a água fornecida pela Águas e Resíduos da Madeira não é suficiente para as necessidades de consumo do município". Por sua vez, o presidente da empresa diz que incêndio agravou problema que acontece todos os anos
Corpo do artigo
Na Madeira, agora que o fogo está extinto, não há perspetivas de solução para a falta de água. No concelho da Ponta do Sol, por exemplo, por volta das 14h00, havia vários locais onde não corria água nas torneiras. Já há alguns dias que a câmara municipal alerta para a falta de água causada pela sobrecarga da rede, que não suportou o abastecimento em simultâneo das casas, da agricultura e ainda do combate às chamas.
Em declarações à TSF, a autarca de Ponta do Sol, Célia Pessegueiro, denuncia que "não há pinga nas torneiras". "A água que nos é disponibilizada em alta, fornecida pela Águas e Resíduos da Madeira, não é suficiente para as necessidades de consumo do município", diz, acrescentando: "Certo é que, e apesar de andarmos também no terreno à procura de eventuais fugas para repará-las imediatamente, essa não é a razão para estar a faltar água."
Célia Pessegueiro assegura que esta situação à hora de almoço "não é normal", especificando: "Durante a noite, a rede enche e há água nos reservatórios, que compensa picos de consumo durante o dia. Acontece que, durante a noite, a água que cai não tem sido suficiente para ter alguma reserva que compense o dia. E, portanto, logo aos primeiros minutos da manhã, ela é toda consumida devido ao uso normal."
"Todos os sistemas da Madeira debatem-se com este problema"
O presidente da empresa de Águas e Resíduos da Madeira admite à TSF que o incêndio, que se prolongou durante mais de semana e meia na ilha, afetou o abastecimento de água. Amílcar Gonçalves reconhece que se trata de um "problema estrutural" e que a rede do concelho da Ponta do Sol "tem imensas perdas".
Amílcar Gonçalves explica que o problema de abastecimento "não é exclusivo" deste município na costa sul da ilha. "São redes antigas, todos os sistemas da Madeira debatem-se com este problema", enfatiza.
O presidente da empresa reconhece que o fogo sobrecarregou a rede: "Tivemos muitos problemas durante os incêndios, alguns sistemas colapsaram, nós tivemos rocha a cair sobre eles, houve condutas que queimaram. E nós reparamos. Portanto, foram, de facto, dias muito intensos, a situação [agora] está a normalizar-se. No pós-incêndio, a situação também não é fácil, porque as pessoas, apesar dos nossos apelos, têm sempre uma tendência para lavar as suas casas, para lavar os seus carros, nós pedimos para que não o façam, mas é quase involuntário." Contudo, Amílcar Gonçalves afirma que, aos poucos, a situação está a voltar ao normal.