Os sindicatos e a comissão de trabalhadores, ouvidos pela TSF, lembram que o plano de reestruturação vai colocar em causa muitas famílias.
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Os sindicatos afetos à TAP mostram-se preocupados com os despedimentos delineados pelo Governo. Na apresentação do plano de reestruturação da companhia aérea, o ministro das Infraestruturas garantiu que a TAP tem mais trabalhadores do que "praticamente todos os concorrentes".
Pedro Nuno Santos sublinhou "um conjunto de desvantagens competitivas" face à concorrência antes da Covid-19.
Ouvido pela TSF, o presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil, Henrique Lobo Martins, ouviu com apreensão as palavras do ministro e critica a ideia de que a TAP possui mais 28 por cento de tripulantes de voo dos que as companhias concorrentes.
"O valor tem de se justificar perante o número de aviões que se tem e os tripulantes que precisamos de ter. Os tripulantes que temos são essenciais para os 91 aviões que a TAP terá. Há aqui algum lapso, estamos a falar de 750 pessoas e famílias. Tem de ser feita uma correção", apela.
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O ministro das Infraestruturas afirmou ainda que a TAP tem mais 18 por cento de pilotos. São cerca de 750 tripulantes de cabine, 750 trabalhadores de terra e 500 pilotos a dispensar, o que totalizam duas mil rescisões.
Para o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA), José Sousa, a longa apresentação do Governo sobre a reestruturação da TAP deixa mais perguntas do que respostas.
"O negócio dos leasings é um muito pesado e não se sabe nada do que está a ser feito. Também não sabemos o que vai acontecer com a TAP ME Brasil que já acumulou mais de um milhão de euros de prejuízos. Seria bom perceber também o que vai acontecer com aos acionistas privados da companhia: vão acompanhar as injeções de capital?", questiona.
Reestruturação "vai colocar em causa a sobrevivência dos trabalhadores"
Na mesma linha segue a Comissão de Trabalhadores da TAP. A coordenadora da comissão, Cristina Carrilho, afirma que o plano de reestruturação vai colocar em causa a sobrevivência de muitas famílias.
"É mau porque vai colocar em causa a sobrevivência de muitos trabalhadores. A administração e a direção têm bons vencimentos, mas o resto dos trabalhadores não têm. Há alguns trabalhadores que podem fazer face a despesas, com a redução no salário, mas 90 por cento dos trabalhadores paga as contas com o vencimento que tem".
Cristina Carrilho garante que o corte de 25% no salário vai afetar a vida dos trabalhadores, "e a sua própria sobrevivência".
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A coordenadora da comissão de trabalhadores admite ainda que a TAP não pode cair. "Vamos exigir que a TAP não acabe. Quando estamos a falar do fim da companhia, estamos a falar de muitas outras empresas cujo negócio depende da TAP. São cerca de cem mil trabalhadores", refere.
A comissão de trabalhadores da TAP defende a flexibilidade no plano de reestruturação lembrando que, quando a retoma da aviação ocorrer, a TAP vai necessitar dos trabalhadores que pretende despedir.
O Governo entregou à Comissão Europeia (CE) a proposta inicial do plano de restruturação da TAP, que prevê para o próximo ano um auxílio do Estado de 970 milhões de euros, anunciou o Executivo.
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