Os trabalhadores que fazem as ligações fluviais entre a Margem Sul e Lisboa vão avançar para greves, sendo o dia da missa do Papa no Terreiro do Paço um dos escolhidos.
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Os trabalhadores Soflusa e Transtejo, responsáveis pelas ligações fluviais entre a Margem Sul e Lisboa, vão avançar para greves contra o não aumento salarial, sendo o dia da missa do Papa no Terreiro do Paço um dos escolhidos.
Albano Rita, do Sindicato dos Fluviais, referiu à Lusa que os sindicatos e a empresa reuniram-se no dia de hoje para tentar chegar a acordo em relação aos aumentos salariais para 2010, mas tal não aconteceu.
«A empresa continua irredutível. Os sindicatos transmitiram que tem que haver aumentos e que estão mandatados pelos trabalhadores para formas de luta, mas a empresa diz que não tem disponibilidade financeira», referiu.
O sindicalista disse que «não vale a pena perder tempo» em mais reuniões se a empresa não alterar a sua postura. «Vamos aderir à greve nacional dos transportes no dia 27 de Abril, com três horas de greve por turno, na Transtejo e na Soflusa. No dia 10 de Maio vamos fazer greve na Soflusa, no dia 11 na Soflusa e Transtejo e no dia 12 na Transtejo, sempre três horas por turno», anunciou.
O dia 11 de Maio, que foi o escolhido para a greve nas duas empresas, é o dia da missa do Papa no Terreiro do Paço, o que deverá causar bastantes complicações a quem queira deslocar-se para Lisboa.
«Estamos disponíveis para negociar, mas a empresa diz que não tem disponibilidade financeira», salientou Albano Rita.
Isidro Heitor, da administração, confirmou a reunião com os sindicatos da Soflusa e da Transtejo, mas realçou que as propostas apresentadas são «irrealistas».
«As propostas dos sindicatos são irrealistas e prevêem aumentos significativos. A situação da empresa é difícil e nós fizemos uma contraproposta, onde confirmo que o aumento salarial era de zero por cento», disse.
O responsável lembrou os aumentos de 2009 e explicou que a empresa «não gera cash-flow» suficiente para responder às propostas dos sindicatos.
«A empresa ainda não fechou as portas e queremos negociar. Sabemos a dificuldade que é ir de encontro às propostas dos sindicatos, mas gostaríamos que surgisse alguma luz ao fundo do túnel», referiu.
Em relação à escolha do dia 11 de Maio, que coincide com a missa do Papa, para uma paralisação nas duas empresas, Isidro Heitor considerou a situação «desagradável».
«É uma situação desagradável. O objectivo, nas greves, é prejudicar o menos possível os trabalhadores e prejudicar o mais possível a empresa e os seus clientes. É desagradável, mas vamos ter que saber viver com isso», disse.