Trabalhadores da TiN mantêm greve por tempo indeterminado até que pagamentos sejam regularizados
Em declarações à TSF, a delegada sindical da Revista Visão, Clara Teixeira, garante que a sobrevivência da publicação "não será possível com a atual administração"
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Os trabalhadores da Trust In News (TiN), que estão em greve desde 20 de junho, anunciaram esta sexta-feira que vão manter a paralisação, até que sejam regularizados os pagamentos em falta.
Em declarações à TSF, a delegada sindical da Revista Visão, Clara Teixeira, revelou as conclusões do plenário deste sexta-feira. "Por ampla maioria", foi aprovada a continuação da greve dos trabalhadores, que ainda não obtiveram resposta às suas reivindicações.
"Ainda só recebemos 25% do salário de maio e, por isso, exigimos esses 75% [em falta], [exigimos] já o salário de junho, dois subsídios de refeição e os subsídios de férias, que já são devidos a quem já foi de férias", adiantou.
Clara Teixeira denunciou ainda a sensação de trabalhar numa empresa em que a "administração parece não existir": desde o início da greve, os trabalhadores ainda não tiveram qualquer contacto com Luís Delgado, acionista único do grupo.
Apesar de acreditarem na viabilidade da revista, os trabalhadores garantiram que a sua sobrevivência "não será possível com a atual administração".
"As mesmas pessoas vão cometer os mesmos erros. A empresa perdeu a capacidade de pagar salários há um ano e meio e não compreendemos agora como é que se convencem os credores a aprovar um plano de recuperação que passa por medidas de reestruturação que se faziam sentido há um ano e meio", vincou.
Clara Teixeira reforçou igualmente que, durante este período, as condições de trabalho "degradaram-se muito" e, por isso, entende que o atual plano de recuperação é "insuficiente".
Para que fosse aprovado o plano de insolvência da TiN, Luís Delgado comprometeu-se com uma injeção de capital no valor de até 1,5 milhões de euros. A delegada sindical lembra que, até agora, isso "continua por acontecer".
"Eu devo recordar que essa injeção de capital está a fazer falta neste momento para equilibrar a tesouraria da empresa, designadamente para pagar os salários dos trabalhadores, que são quem gera receita, para pagar impostos e para começar a pagar prestações da dívida, porque a tesouraria não está equilibrada", afirmou.
No plenário de 30 de maio, quando decidiram avançar para esta greve, os trabalhadores "tinham manifestado já a sua indignação por apenas terem recebido 80% do salário de abril, em três prestações, encontrando-se os restantes 20% por pagar, assim como o salário de maio, o respetivo subsídio de refeição e alguns subsídios de férias".
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