
Octavio Passos/Global Imagens
O sindicato adianta que tudo estará resolvido até ao dia 26 de setembro. Os idosos vão ser transferidos para outros lares.
Os 79 trabalhadores do lar Mansão de Santa Maria de Marvila alvo de um despedimento coletivo vão poder ingressar na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, se assim o pretenderem, anunciou esta quinta-feira o sindicato do setor.
A informação foi dada à Lusa pelo coordenador da direção regional de Lisboa do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), Orlando Gonçalves.
O sindicalista falava no lar, gerido pela Fundação D. Pedro IV, após cerca de duas horas de reunião com os trabalhadores alvo de despedimento coletivo.
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"No plenário que fizemos esteve a ser discutida a questão do ingresso, da possibilidade de ingresso dos trabalhadores na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, de acordo com o compromisso assumido, anteriormente, há dois dias, em reunião com o Instituto da Segurança Social, com a vogal e o senhor provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa", disse.
Em 11 de agosto, o Estado foi responsabilizado pela Fundação D. Pedro IV pelo despedimento coletivo de 79 trabalhadores do lar Mansão de Santa Maria de Marvila, que acusava o Instituto de Segurança Social (ISS) de não cumprir obrigações financeiras contratualizadas.
A denúncia do despedimento coletivo foi feita, na ocasião, pelo CESP, tendo Orlando Gonçalves dito na altura que já tinha enviado um ofício à ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, a pedir explicações sobre o futuro destes trabalhadores e para o qual não obteve ainda resposta.
De acordo com o dirigente sindical, os 79 trabalhadores têm até sexta-feira para informar a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa se pretendem ou não ingressar naquela estrutura.
"[A Santa Casa] pretende já no início de setembro começar a chamar os trabalhadores para entrevistas para os conhecer e para ver os locais para onde poderão ir. Sabendo que vai abrir na Estrela um hospital da Santa Casa, em novembro, quer começar já a tratar desse ingresso dos trabalhadores para lhes dar formação", realçou.
Segundo Orlando Gonçalves, os trabalhadores que ingressarão na Santa Casa terão ainda um aumento salarial.
"Essa é a boa notícia para os trabalhadores, porque o salário mínimo que estes trabalhadores aqui tinham era de 645 euros, lá [na Santa Casa] o salário mínimo é de 675 euros. Há aqui uma valorização, mas também há uma serie de direitos. Aqui trabalhavam 37 horas semanais, lá todos os trabalhadores vão trabalhar 35 horas", referiu.
Entretanto, esta quinta-feira de manhã, a Fundação D. Pedro IV assinou um "Protocolo de Compromisso" com o Instituto da Segurança Social (ISS) que acautela uma solução estável até à transferência de todos os idosos que ainda permanecem no lar.
"Foi estabelecida uma prestação de serviços da fundação na mansão até ao final do mês de setembro", adiantou o presidente do Conselho de Administração da Fundação, Vasco Canto Moniz.
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De acordo com Vasco Canto Moniz, foi possível encontrar soluções para "retirar com tranquilidade" os cerca de 80 idosos - de cerca de 130 - que ainda se encontram no lar Mansão de Santa Maria de Marvila.
"Pensamos que tudo estará resolvido até ao dia 26 de setembro. É, pelo menos, esse o nosso objetivo e o da Segurança Social também", apontou, ressalvando que "hoje o lar foi entregue formalmente ao Instituto da Segurança Social".
Questionado sobre a cessação de um contrato com uma empresa de lavandaria antes do período acordado, o presidente do Conselho de Administração da Fundação escusou-se a tecer muitos comentários.
"Não sou eu que trato desse assunto, mas isso é uma questão menor que será tratada no âmbito administrativo e que para qual será encontrada uma solução", disse.