Trabalhadores do INEM fizeram 28 mil horas extra até setembro e defendem "formação faseada" de novos profissionais
Ouvido no Parlamento, Rui Gonçalves defende ainda que a anunciada refundação do INEM tem de salvaguardar a "autonomia administrativa e financeira"
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Os trabalhadores do INEM fizeram, desde o início do ano até setembro, pelo menos, 28 mil horas extra. Os dados foram avançados, esta quinta-feira, pela Comissão de Trabalhadores do Instituto de Emergência Médica no Parlamento. Rui Gonçalves sublinha que existem horas que não chegam a ser pagas, porque ultrapassam os limites previstos.
"Neste momento, em 2024, no mês de setembro, por exemplo, estão nas 28.000 [horas extra]. Portanto, é muita hora extraordinária, mas aqui não estão contabilizadas outras milhares de horas feitas pelos técnicos acima do limite dos 60 ou dos 80%, consoante a autorização governamental, e que não são pagas. Estes profissionais de saúde têm constantemente assegurado serviços, sabendo que não vão receber qualquer remuneração por isso. É urgente que isto que seja retificado e a única solução que existe para isto é a contratação de novos profissionais", afirma.
Rui Gonçalves, que lidera a Comissão de Trabalhadores do INEM, avisa, no entanto, que as novas contratações devem ser feitas de forma faseada e com formação realizada pelo Instituto.
"Não seria produtivo, neste momento, por exemplo, contratarmos 400 ou 500 técnicos de uma vez só. Esta formação tem de ser feita de forma faseada, planeada, e aquilo que me parece que está a acontecer é isso mesmo. Não vejo a necessidade de que a formação deixe de ser dada pelo Instituto, nós temos essa capacidade", assegura, sublinhando que, "se durante os próximos dois anos, conseguirmos repor aquilo que são as necessidades do Instituto, em termos de técnicos, para assegurar o normal funcionamento tanto dos CODU, como dos serviços de ambulância e de emergência, a necessidade de contratação com a valorização das carreiras, a necessidade formativa vai diminuir significativamente".
A Comissão de Trabalhadores do INEM defende ainda que a anunciada refundação do Instituto Nacional de Emergência Médica tem de salvaguardar a autonomia financeira.
"Se essa refundação é voltarmos à independência administrativa e financeira do Instituto, é esse o caminho. Se é deixarmos de fazer o transporte de doentes não emergentes, também é esse o caminho. Se a refundação passa também por voltar a dar ao INEM ou dotar o INEM daquilo que são os recursos humanos essenciais à sua missão, que foi sendo alterada, foi sendo aumentada durante os últimos anos, é esse o caminho. Agora se me perguntarem se o caminho é deixarmos de dar formação... Não, o INEM tem essa capacidade para dar essa formação e quantidade não é qualidade", acrescenta.