Trabalhadores do Turismo não foram colocados em lares. Sugestão de Costa foi "disparatada"
Os sindicatos do setor da hotelaria acusam o primeiro-ministro de ter tentado aliviar responsabilidades da ministra do Trabalho com declarações que foram "um autêntico disparate".
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Três meses depois, a sugestão do primeiro-ministro para que os desempregados do setor do turismo fossem trabalhar para os lares "não teve qualquer consequência". Os sindicatos da hotelaria dizem que estas declarações de António Costa não passaram de uma manobra do primeiro-ministro para proteger a ministra do Trabalho, num momento em que Ana Mendes Godinho estava sob pressão.
Na altura, António Costa afirmou que "os milhares de pessoas" que estavam "a perder o emprego no setor do turismo" poderiam ser alocados em lares, uma vez que já dispunham de "formação de base" e "experiência de cuidado pessoal, de relacionamento pessoal", concluindo que se tratavam de "um recurso fundamental".
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Francisco Figueiredo, dirigente da Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (FESAHT), diz agora, em declarações à TSF, que não tem conhecimento de que algum profissional do setor da hotelaria tenha aceitado ir trabalhar para um lar.
"Fazer camas num hotel, tratar do asseio e da decoração de um quarto, e tratar de um quarto ou de uma enfermaria de um lar é completamente diferente. Nós não andamos com os clientes ao colo, não lhes damos banho, não tratamos da higiene pessoal deles. São coisas completamente distintas", nota Francisco Figueiredo.
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O dirigente sindical acusa o primeiro-ministro de, ao fazer essa sugestão, estar a tentar "retirar de cima da ministra do Trabalho a pressão que estava a ser exercida, com a falta de trabalhadores nos lares".
"Foi um autêntico disparate", condena o sindicalista. "Essas declarações não tiveram quaisquer consequências, nem eram para ter."
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Francisco Figueiredo lembra que o Governo não tomou qualquer medida para aplicar a ideia lançada por António Costa.
"Quando o sr. primeiro-ministro faz uma declaração daquela natureza, poderia ter dado - mas não deu, que se saiba - instruções aos centros de emprego no sentido de chamar os trabalhadores da restauração e da hotelaria para eventuais lugares na área das IPSS", refere. "A regra geral é que os trabalhadores, quando se inscrevem no centro de emprego, têm a categoria do seu setor de atividade e deve ser para essa categoria que o centro de emprego deve procurar uma colocação. Se se pretendia alterar essa regra geral, havia que se tomar medidas", defende.
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