Trabalhadores dos call centers estão em greve, mas sindicato tem dificuldade em saber quantos
Com muitos trabalhadores em teletrabalho, o sindicalista Vítor Narciso admite que não há uma "noção da percentagem" da adesão.
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Em dia de greve dos trabalhadores dos call centers, saiba que se ligar para um destes serviços, poderá sentir dificuldades em ser atendido. A paralisação abrange os períodos do Natal e do Ano Novo porque, explica o Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Correios e Telecomunicações (SNTCT), quem faz os atendimentos nestes feriados ganha o mesmo que em qualquer outro dia.
À TSF, Vítor Narciso explica que as empresas "não querem alterar ou pelo menos melhorar" estes regimes de Natal e fim de ano para que, pelo menos "as pessoas possam fazer uma vida mais normal nestes dias".
E se há dificuldade dos trabalhadores em viver de forma mais normal estes dias de festa, também as há da parte do sindicato, uma vez que, com muita gente em teletrabalho, é difícil aferir a adesão à greve.
"Nós não temos a noção, digamos assim, sabemos que são bastantes que estão a fazer greve, mas não temos a noção da percentagem nem nada disso porque estão em casa", reconhece Vítor Narciso. "Ligamos para os delegados sindicais e os delegados sindicais ligam para os colegas, mas é muito difícil fazer contas à adesão à greve neste tipo de trabalho."
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Uma das maiores queixas do setor é a desregulação deste trabalho, sendo uma das reivindicações a de que estes trabalhadores sejam integrados nas empresas para as quais trabalham, impedindo que sejam sempre precários e temporários. Mas, lamenta Vitor Narciso, a mão de obra é cada vez mais frágil e menos consciente dos seus direitos.
"Há cada vez mais estrangeiros, basta ligar para uma daquelas empresas e ouvir quem responde do outro lado, são pessoas de outras nacionalidades", nota o sindicalista, já que os portugueses "estão mais em back office do que em front office".
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Esta realidade gera dificuldades "porque são trabalhadores menos mobilizáveis, aceitam a ausência de contratação e regulação".
A Associação Portuguesa de Contact Centers diz-se se aberta ao diálogo e alega que tem havido aumentos significativos no setor, mas o sindicato garante que a maioria destes trabalhadores recebe apenas o salário mínimo e um subsídio de refeição de cerca de cinco euros.