"Trabalho fundamental ainda não acabou." Zero alerta que Portugal está atrasado nas metas de conservação do planeta
O alerta é dado pela associação ambientalista esta segunda-feira, dia em que arranca o 16.º encontro das Nações Unidas sobre a biodiversidade, a COP16, na Colômbia
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No dia em que arranca a cimeira da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a biodiversidade, a COP16, a associação ambientalista Zero deixa um alerta: Portugal está atrasado nas metas de conservação do planeta.
Em causa estão 23 metas para 2030, que foram estabelecidas há dois anos na COP15, no Canadá. Uma das metas é garantir que os países têm estratégias nacionais para a reconstrução da natureza e da biodiversidade.
Em declarações à TSF, o presidente da Zero, Francisco Ferreira, afirma que "Portugal não vai conseguir entregar este documento para já", mas "espera-se que o faça nos próximos meses". "Há aqui um trabalho de casa fundamental que as Nações Unidas exigem a cada país e que Portugal está próximo de chegar, mas ainda não acabou", diz.
Francisco Ferreira avisa que este não é o único documento do âmbito ambiental do qual Portugal está atrasado. "Ainda dentro dos objetivos de garantir 30% de áreas marinhas e terrestres devidamente salvaguardadas em termos de reconstrução na natureza, estamos muito longe nas áreas marítimas, nas áreas terrestres também tem a ver com a forma como contabilizamos essas áreas. Temos ainda um processo de infração a decorrer por parte da Comissão Europeia no que respeita à falta de planos de gestão para muitos dos sítios comunitários associados à aplicação da diretiva para a salvaguarda dos habitats mais importantes", destaca.
No domingo, o secretário-geral da ONU apelou aos Estados-membros da Convenção das Nações Unidas a "investimentos significativos" em fundos internacionais para salvar a natureza.
Durante 10 dias, a Colômbia recebe a COP16. Este acordo sobre a biodiversidade, assinado na COP15, foi considerado histórico. O acordo visa um conjunto de objetivos para orientar a ação global até 2030 para travar e reverter a perda da natureza. Nesse encontro, em 2022, a ONU tinha alertado que 40% do planeta Terra está degradado.
A ministra do ambiente, Maria da Graça Carvalho, justificou à agência Lusa a ausência na COP16 por coincidir com a discussão da proposta do Orçamento do Estado para 2025 no Parlamento.
A Associação Zero recorda também que têm de ser revistas a Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade 2030, aprovada em 2018, e a Estratégia Nacional para as Florestas, atualizada em 2015. Em resposta à Lusa, o Ministério do Ambiente diz que estes documentos encontram-se em revisão.
