Os especialistas atribuem a quebra no número de transplantes à falta de órgãos e queixam-se também que os familiares dos potenciais dadores estão pouco sensibilizados.
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Portugal até já liderou a nível mundial a lista dos países dadores de órgãos, no entanto desde 2010 que a descida tem sido acentuada, num fenómeno, registam os especialistas, que tem atingido sobretudo o mundo ocidental.
A redução do número de mortos, a falta de sensibilização junto das famílias e questões religiosas, são alguns dos motivos mais comuns que os especialistas encontram para essa quebra, mas este ano, Outubro foi um mês terrível para Portugal, com uma descida de 14 por cento, e sem explicação visível, esclareceu o presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação.
No entanto, Fernando Macário encontra outras variações para uma quebra que é mundial.
«Há variações naturais no número de dadores, temos observado isso ao longo dos últimos anos, porque morreu menos gente susceptível de poder doar órgãos», declarou.
Além destes motivos, os especialistas, contactados pela TSF, alertam que o desinvestimento na Saúde ainda vai agravar a doação, que depende também da disponibilidade dos médicos na sensibilização das famílias. Esta é aliás uma das estratégias apontadas por Fernando Macário.
«Manter um acompanhamento muito cuidado em todos os hospitais que fazem a colheita para que não se percam potenciais dadores, ou seja, a identificação de todas aquelas pessoas que entram em morte cerebral e que são susceptíveis de lhes fazer a colheita de órgãos», explicou.
Em 2010, Portugal fez quase 900 transplantes, atingindo uma média por milhão de habitantes que lhe dava o primeiro lugar ao lado da Espanha, e muito longe da Alemanha.
Este ano a curva descendente mais acentuada também se verifica em França e na Irlanda. Ao contrário a Croácia é actualmente o país com maior número de transplantes por milhãos de habitantes a nível mundial.